“Os inimigos moram logo ali em cima”
Vida, valiosa viva a vida que Deus nos deu. Às vezes cheia de alegria, às vezes marcada por momentos tristes, os quais nos derrubam nos jogam bruscamente contra o chão duro, sem qualquer piedade. Mas somos fortes, nos levantamos e seguimos à estrada da vida.
Naquele sábado à noite, Dona Mara estava em casa, curtia a magia do seu lar doce lar. Depois de mais uma semana de trabalho incessante, daquelas bem trabalhadas, agradecia a Deus tudo que tinha conquistado na vida.
Mas algo não estava certo, pois, dois cômodos da sua casa estavam às escuras, questionava o que teria ocorrido. Seriam lâmpadas queimadas? Mas eram tão novinhas, havia comprado há dois dias, e eram daquelas econômicas com um ano de garantia!
Subir numa escada nem pensar, pois, poderia cair e naquele momento Silvana sua fiel secretária não estava por ali.
Mas o pior ainda estava por vir. Ouviu um estrondo ensurdecedor, o susto foi tanto que suas pernas tremeram, a voz sumiu, o pânico tomou conta de todo seu ser. Seria algum atentado de algum grupo terrorista. Mas justo contra ela, uma pessoa de paz!
Sua casa ficou toda às escuras, e como já era noite, ligou a lanterna do seu telefone celular e foi para o quarto. Depois de muito sofrimento, medo, perguntas, pegou no sono.
No outro dia logo de manhazinha, já mais calma, olhou para a casa, e graças a Deus ela estava ali, inteirinha, do jeito que alugara. Então se lembrou que tinha um seguro do carro que também dava direito ao atendimento residencial. Sem perder tempo fez uso deste seu direito e chamou alguém da empresa para resolver o problema da falta de energia elétrica.
A empresa enviou um funcionário ao local, que ali chegando recebeu informações sobre o acontecimento. Teria que subir no telhado e depois na laje da casa, pois, a mesma não possuía o alçapão, que lhe daria acesso ao local sem precisar subir no telhado.
O prezado Senhor, cheio de “coragem”, inicialmente recusou se a subir no telhado, sob alegação de temer altura e ter tonturas. Mas depois de algumas súplicas e broncas da cliente, resolveu atender seu pedido.
Em pouco tempo estava de volta ao chão com novidades, e dona Mara temendo o pior lhe perguntou:
-Fala homem de Deus, seja lá o que for, estou preparada...
- Já que a senhora insiste, está vendo estes fios?!
-Sim claro que estou vendo, está me chamando de cega. Mas o que tem estes fios?
- Olha, tem um casal de papagaios na sua laje...
- Um casal de papagaios na minha laje, e daí?
- Olha, prezada senhora, além de um casal de papagaios, tem também um ninho com quatro filhotes de papagaios...
- São eles o seu problema!
- Mas como assim, prezado Senhor?!
- A Senhora está vendo estes fios mordidos, foram eles que morderam!
- O que o Senhor está me dizendo é loucura, pois, se os papagaios tivessem mordido, ou melhor, bicado os fios, certamente levariam um choque e morrido!
- Concordo com a Senhora, mas não morreram, estão é muito forte!
Dona Mara ficou perplexa com a descoberta. Aquelas aves voavam todos os dias próximo ao telhado da casa, pareciam tão dóceis e inofensivas, agora são as grandes vilãs, e ainda usam a laje da casa para criar seus filhos, sem pagar aluguel. Precisaria dar um jeito, pois elas não poderiam ficar ali.
Ligou para vários lugares pedindo ajuda: Bombeiros, Vigilância Sanitária, Polícia Civil, Militar, Governador, Deputado, Presidente, Papa...
Ninguém ajudou, sob alegação não terem competência para mexer com os pássaros. Restou a Dona Mara, conviver com o problema.
OBS: Até o inicio desta história os papagaios estavam morando na laje da casa da Dona Mara e ela já estava pensando em comprar sementes de gira sol para as “pobres” avezinhas.