Ele lá e eu cá
Quando menina, eu era esperta.Pegava cavalo no pasto.
Pegava porco na carreira.Com o pote de água na cabeça, subia a ladeira
Fazia inveja nas moças, por eu ser ligeira.
Subia no pé de manga, saltava da goiabeira.
Ajudava meu pai na roça,era boa companheira.
Aos oito anos fui levada para a cidade,pois não tinha escola naquelas beiras.
Lá não quis lá ficar por gostar da vida de matreira.
Sem perceber que ainda era cedo,me encantei com um motorista caminhoneiro.
Seis anos se passaram,e naquela solidão,quando ouvia seu nome me dava palpitação.
Até que um dia,numa curva da estrada, batemos de frente.
Eu conduzia o gado montada no meu burrão.
Ele todo charmoso no conforto do seu caminhão, me deu uma olhada e parece que agradou, nesta hora meu coração descompassou.
Conversa vai conversa vem,para uma festa me convidou.
Chegou o dia tão esperado.
Ele tomava são João da barra com limão, e logo para dançar me convidou.Eu não sabia dançar.
E naquele desajeito danado, ele também não sabia dançar.
Quando do meio do salão surge Fulo,homem valente que por onde passava tocava o terror.
Me pegou pelo braço dizendo; me empreste a dama!Sou bom condutor.
Sem resistência caminhoneiro me soltou.
Fiquei decepcionada, dei um grito de horror! Me solta por favor. Insistente ele me segurava. De repente um herói! Meu pai homem sensato e conservador chegou dizendo:O que está acontecendo??
Fulo era valente mas não era burro.Tirou as mãos de mim e saiu dizendo,não é nada não senhor,e foi deixando o local sem resistências .
Mesmo decepcionada, o meu amor resistiu e nossa união se concretizou, formamos uma família linda com 3 filhos maravilhosos. Nos dois? Bem, não conseguimos continuar juntos. Somos amigos, ele lá e eu cá.