O POTE DE MANÉ ALUADO...-Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Ed.09 julho 2011
Toda cidade de interior que se preza, tem suas figuras folclóricas oficiais! Entre esses, não faltam o mentiroso, o côrno mais famoso, o bebum, a rapariga mais famosa e requisitada do cabaré mais “fulêro” da cidade, o padre, o coveiro, o “fresco mais debochado”, o cabra mais manobrado pela mulher, o comerciante mais ignorante, e, para coroar de êxito toda essa “fauna”, o doido oficial da sede do município. Mas, a cidade da qual estou falando nesse sábado, além de pródiga em todas essas “formosuras”; no quesito referente aos doidos, pelo menos no tempo em que eu vivia por lá, era agraciada pela natureza, com uma infinidade dessas “criaturas maravilhosas”, que nos seus devaneios, botavam no bolso muitos dos que se dizem ajuizados... Tinha o Doido de São Joãozinho, que vez por outra aprontava com o Dr. Rosandro Aranha, médico, fazendeiro na região, que sempre estava à disposição dos necessitados, no posto de saúde da minha querida e amada Boa Vista-PB, cidade que já foi distrito de Campina Grande-PB. Esses caras, tanto o doido por suas doidices e o Dr. Rosandro, por sua competência, bondade e despredimento, e que sempre foi “fã de uma boa fulêragem”já foram cantados e decantados pelo Cantinho do Zé Povo, em prosa e verso... Mas, não é deles que quero falar, muito menos de Bastião Doido ou Maciel de seu Zé Maurício. Hoje eu quero falar de Mané Aluado, que era um indivíduo no qual, o que faltava em saúde mental, possuía com largas sobras em vigor e saúde física... Tinha o corpo privilegiado, sem um único músculo que fosse fora do lugar. E era muito famoso na região do Carirí-PB, pelo tamanho descomunal de sua ferramenta sexual, a popular “lucuvina”; atributo esse que lhe valeu o prêmio de casar com Rosa, moça cuja beleza se assemelhava em muito, com a flor que lhe emprestou o nome... Era a moça mais bonita da cidade de Boa Vista. E mais despudorada, também; pois sempre nos finais de tarde, depois do banho, se embonecava toda e sentava na calçada de sua casa, cruzando as pernas dizendo “sim”, enquanto balançava a cabeça dizendo “não”, a qualquer pessoa que passasse e ousasse observar aquela maravilhosa paisagem por mais de cinco ou dez segundos... Havia na frente da sua casa, um grande terreno onde a rapaziada colocou duas traves e tinha ali, seu campo de futebol, onde todas as tardes, haviam intermináveis peladas até o por do sol, com tudo a que um evento desse tem direito; desde os palavrões e xingamentos, aos peidos daqueles de “rasgar calção de mescla”... Mas a estória não é só com Rosa, mas também com seu marido (lá dela...) Mané Aluado. Numa determinada tarde, estava Mané Aluado na sua cadeira de balanço, a observar a meninada batendo pelada, quando um dos peladeiros, “por arte do mufino” o mais safado de todos, chamado Pajaráca, com quem tive o prazer e a felicidade de ingerir algumas doses da “marvada”, se aproximou da porta de Mané Aluado e falou:
- Seu Mané, me arranje um copo cum água por favô, qui eu tô quage isturricando de tanta sêde...
- Pois não, meu fíi; vá inté a cunzinha e pode bebê do pote, qui é do tanque do lagêro e tá bem friinha...
Pajaráca entrou; e como meu querido leitor (a) deve saber, se for “lá de nóis”, nessas casas mais antigas do interior, a porta da frente dá prá sala, onde tem uma porta da sala para o quarto do casal e um corredor onde tem outra porta do quarto do casal e as portas dos outros quartos, caso existam outros desses aposentos. Pois bem! Quando Pajaráca entrou, a porta da sala para o quarto estava fechada. Mas, ao passar pela porta do quarto do casal, lá no corredor, esta se encontrava escancarada e algo chamou à atenção do peste do Pajaráca. Rosa, total e absolutamente despida, na sua beleza e despudoramento selvagem, esparramada na cama, ou dormindo ou fazendo que estava; com uma perna o Oiapoque e outra no Arroio Chuí, deixando sua perfeita e cobiçada anatomia, inclusive “a capuêra e sua vegetação” totalmente à amostra... Pajaráca, na acepção da palavra, qui nunca “valeu o qui o gato interra”; “passou o serviço” para os meninos que jogavam; e daí a instantes, começou uma verdadeira peregrinação à cozinha de Mané Aluado... Mané, que era doido mas não era burro, desconfiou daquela “procissão dos meninos” e resolveu ir até à cozinha para investigar. Quando passou na porta de seu quarto e olhou para dentro; viu o “presépe”! Entrou ligeiro no quarto, e sacodindo Rosa pelos ombros, falou na sua habitual “sutileza”:
- Rosa, muié; veste uma cacinha , se incobre e fecha essas perna; minha fía; e ligêro, se não êsses minino vão findá é secando o pote da gente!...