CURIOSIDADE DE UM BAR 24 HORAS...-Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Ed. 18 de junho de 2011
Eita, queridos leitores e leitoras! Hoje em dia, “Bar 24 Horas” só existe nas capitais e cidades turísticas, devido à “INSEGURANÇA” reinante no nosso dia a dia. Mas, aqui acolá, nas cidades cujas BR’s passam na sua periferia, bem como nas cidades turísticas; ainda se encontra essa verdadeiras relíquias, verdadeiros “poços insecáveis das acontecências do povão”, tornando ainda mais rica, a nossa cultura popular. Aqui mesmo, na cidade de Mestre Câmara Cascudo, lá na Cidade da Esperança, nós temos o nosso Bar e Restaurante Vinte e Quatro Horas, organização do nosso querido leitor, ouvinte e AMIGO João Caicó, oriundo dos Estados Unidos do Seridó velho de guerra e “presépes” ( valei-me a finada Maria Rita...) acontecidos pela Fazenda Umarí dos Baé e arredores, entre Jardim do Seridó-RN e Caicó-RN, cidade agraciada pelas bênçãos de SAN’ANA (que me desculpem os seridoenses, se escreví errado o nome da Santa...). Lá no Bar de João Caicó, ainda vou me sentar com êle uma tarde inteira, com o gravador ligado, para deliciar-me com os causos alí ocorridos e que estão devidamente guardados nas prateleiras da sua prodigiosa memória. Mas, amigos (as); num Bar Vinte e Quatro Horas, se escuta de tudo; namôro de muié cum muié, “Suné” com “Suné”, chifre de todas as qualidades possíveis e imagináveis, cabra metido a macho que “impresta ais parte”...; enfim; haja gravador para registrar as mungangas que por alí acontecem. Mas, queridos leitores e leitoras; não é sobre o Bar do meu AMIGO João Caicó, que quero hoje lhes falar; mas de um bar desses, que existia em “mil novecentos e lái vai fumaça” na Cidade de Patos-PB, berço do meu saudosíssimo Mestre, Escritor Zé Cavalcante, que também foi Prefeito de lá; e foi quem me passou “essa relíquia” que tirei hoje do fundo do baú, para repassar prá vocês. Pois bem! Segundo palavras do próprio “Seu Zé”, esse bar onde se passou essa munganga (o causo é verídico), e aconteceu quando a BR que liga a Capital de todos os paraibanos ao alto sertão, ainda era “no barro”... O Bar era tão 24 horas que não tinha nem porta... O dono, um cabra de meia idade era”qui nem areia de sumitéro; cumia tuuuudo”... Fôsse fême, e “tivesse cum o coração batendo; num inzistia o que nem quem iscapasse do apitite do cabra”... Segundo “Seu Zé”, numa madrugada de verão, daquele verão que “de dia é quente e de noite é munto pió, qui nem a cantiga da perua”, no calor de duas da matina, um viajante solitário parou o carro onde deveria ser a porta do Bar, e, acercando-se do balcão, pediu:
- Por favor, encha um copo grande com gêlo e coloque o que couber, do melhor wisky que você tiver aí...
O garçon serviu educadamente ao viajante, que mandou repetir a “operação” umas quatro ou cinco vezes, intercalando com guaraná gelado e nambu frito com farofa; e quando se deu por satisfeito, foi ao lavatório, fez o seu asseio e finalmente, perguntou ao garçon:
- Amigo, quanto lhe devo ?
- O senhor só vai pagar os dois guaranás.
- ?!...
- Não se espante não; o senhor só vai pagar os dois guaranás...
O viajante, estranhando o “teor da esmola” bem como a generosidade, retrucou espantado:
- Você é o dono desse bar ?
- Não sinhô; o dono é meu patrão; ôxe ?!
- E onde anda seu patrão a essa hora ?
- Lá in minha casa.
- Com quem ?
- C’á minha muié!
Aí foi que “caiu a ficha do viajante”, que resolveu “arrematar”:
- Com a sua mulheeer; e fazendo o quêêê, meu fiiiilho ?
E o garçon, na mesma calma e naturalidade:
- Ôxe ?! A mêrma coisa qui eu tô fazendo aqui cum êle agora!...