A PROTESE

Ato 1
Encontro a colega de trabalho Marilena no hall de entrada puta da vida dizendo que estava uma fera, pois o outro colega, José Carlos, lhe confidenciou que iria fazer uma operação e estava preocupado.
Para dar apoio moral, ela, que se diz muito religiosa, disse que segurou na mão de Zé Carlos e fez umas orações pra tudo correr bem.
Pergunto qual o motivo da reclamação, já que ela fez um gesto tão louvável.
Ela então revela que soube depois que aquele cretino, safado, sem vergonha, cachorro - segundo ela - iria fazer um implante de prótese peniana, pois o “equipamento original” não estava funcionando direito.
- E eu ainda orei segurando na mão daquele safado - complementa.
Dentro de minha característica habitual, candidamente comento:
- Ô Marilena, se quisesse ajudar mesmo, não era na mão que você deveria segurar.
(Quase apanho)

Ato 2
Um mês depois, encontro o Zé Carlos:
- E aí, cara, correu tudo bem?
- Maravilha, tão bom que teve até um “up grade”
- Como assim?
- Pois é tive um “aumento patrimonial”, entende? O trem agora é “king size”... a patroa quando viu ficou tão espantada que até desmaiou.
- Beleza...Então já tá usando o “brinquedinho de armar”?
- Que nada, a patroa passou por uma cirurgia na coluna e tem que ficar três meses em repouso absoluto, não pode sequer se mexer... que azar.
- E aí? Não tem direito a um alvará? Pelo menos pra fazer um “test drive”, sem compromisso?
- Que nada a patroa é linha dura.
- Mas não tem que testar o equipamento pra ver se funciona direito? Se der problema está na garantia? Tem direito e ”recall”?
- Pois é vou perder o prazo da garantia... a menos que...
- O que?
- A menos que eu passe o ferro (sensu lato) na moça que passa roupa lá de casa.
Wilson Pereira
Enviado por Wilson Pereira em 05/04/2011
Reeditado em 05/04/2011
Código do texto: T2890709