UMA VIAGEM AO SERIDÓ...- Causo Verídico- Matéria do Cantinho do Zé Povo - O Jornal de Hoje-Natal-RN-Ed. de 05 de fevereiro de 2011
Olá, amigos (as)!
Às vezes, na nossa falta de vivência e/ou conhecimento; taxamos o destino de ingrato. Mas, hoje, “sábo cêdo”; taxo meu destino de dadivoso; e quero relatar a Vossas Insolenças, como diria o saudoso Cel. Ludrugero; uma viagem que fiz na sexta feira da semana passada, 28 de janeiro, ao seridó véio de guerra, mais precisamente às cercanias de Caicó e Jardim do Seridó. O meu querido amigo e “paricêro” Riva Júnior, “A Raposa do Nordeste”, de férias da 98 FM, dos não menos queridos amigos Felinto Rodrigues; o pai e o filho; tinha uma viagem marcada à Fazenda Umarí, em Caicó-RN, da família dos Baé. Conhecer essa turma dos Baé, já foi o melhor presente que eu ganhei de Papai Noel, no Natal de 2010, quando eles aqui estiveram, em sua casa na Praia de Graçandú. Uis cara são qui nem saco de istôpa; num tem derêito nem avêsso... Mas, se Papai Noel me deu esse presente no ano que passou; meu irmãozinho Riva me deu ôto presente munto mió; qui foi me levá inté o “habitat naturá” daquela gente maraviósa. Chegamos nos alpendres da casa sede da Fazenda Umarí, por volta de duas horas da tarde, sendo recepcionados pelo Ênio Baé, sua espôsa Verônica, sua filha Evelin; e seus pais, seu Nôvo Baé e dona Aidê, além de seu irmão Helder. Riva, além de mim, levou a tiracolo, os amigos ouvintes Galego do Leite e Gato a Jato; este, lá dos Estados Unidos de Nísia Floresta. Logo na chegada, a mêsa posta e o lauto almoço à nossa espera, me fizeram lembrar com uma infindável saudade, a mesa da casa sede da Fazenda Pocinhos, em Cabaceiras-PB; além de meus pais, João Motta e Severina. Daí a pouco, chegaram seu Zé Baé e seu filho Josimar Baé, coproprietários daquelas terras. Conheci pessoas maravilhosas, qui nem Curica, tirador de leite; com um juízo tão grande, qui “prá cumê merda e rasgá dinhêro; abasta um grau”... Também conheci Dedé vaqueiro; outro tirador de leite; esse, um verdadeiro herói; com seu filho e sua filha, cursando a UFRN, no Campus de Pau Dos Ferros-RN. Conheci também dona Fátima, esposa de seu Zé Baé, seus filhos, e netos, noras, genro, amigos e vizinhos maravilhosos. No final da tarde, visitamos o alambique da cachaça Samanaú, do nosso amigo Dadá Costa, onde fomos recebidos pomposamente pelo seu gerente Luiz, outro figuraço da espécie humana. Em Caicó, na noite da sexta feira, fomos recepcionados pelo amigo “Alemão”, que nos apresentou à grandiosidade da fábrica de chapéus. De lá, tiramos prá fazenda, onde dormimos e no “sábo cêdo”, fomos ao programa do comunicador Lúzio Alves, na Rádio Rural FM e à Rádio Rural AM, no programa de violeiros, do meu confrade da Academia de trovas do RN, Chico Mota e seu filho Djalma Mota. Lá, encontrei outra fera das canturias, o Cícero Nascimento, que me levaria na noite daquele sábado, a uma canturia maravilhosa, onde declamei meus poemas matutos. Na casa de Josimar Baé, fui recebido por sua esposa Neném, pelo seu filho Cherôso e sua filha Silvia Larissa. E, entre um pedaço de ubre assado e outro, assisti a um “presépe” protagonizado pela filha de seu Zé Baé, Joselma (que está em dia de pari...) e seu esposo (lá dela...), Bastinho e por Agostinho Baé, outro irmão de seu Zé Baé. Agostinho é qui nem areia de sumitéro; come tudo... Muda de namorada de 24 in 24 hora; diz a “malinguage”... E Agostinho discutia com Joselma, sobre uis presépe de hôme casado, quando de repente; a dita, cuja, referida, declarou:
- Ói, Tio Agostíin; prá cumêço de cunversa, um hôme qui nem você, num servia prá mim, de jeito ninhum.
- E por que, Joselma ?
- Num dava certo não; cum meu marido Bastíin, dá certo pruquê êle já se acustumô cum o cabresto bem curtíin; mais se eu fôsse casada cum um macho qui nem tu... Há; bom basta!...
- E o qui era qui tinha, se eu fôsse casado cum você ?
- Se tu fôsse casado cumigo, levava duas surra no corrê do dia.
- E prá que essa brabêza tôda?
E ela, cheia de autoridade, respondeu:
- Apanhava demenhã logo cêdo, prá eu lhe obrigá a cumê merda; e apanhava de tardezinha, prá aprendê qui merda num se come!...
Obs. Seridó = Do grego Seridus; que significa; lugar que Deus escolheu para morar...