A INUCENÇA DO MATUTÍIN NÔVO...-Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-NATAL-RN-Ed. de 05 de junho de 2010
A INUCENÇA DO MATUTÍIN NÔVO...
Pronto! Agora nóis vai “direto, qui nem cantiga de grilo e recramação de sogra”; ao causo de hoje, que não tem autor definido,a pois é de domínio público; e me foi contado em 1962, na concentração do Alecrim F.C, pelo meu querido amigo, Francisco Galdino Rosa. Eu falando assim, pouca gente sabe de quem se trata. Mas os da minha faixa etária, certamente haverão de lembrar, quando eu lhe refrescar a memória. A equipe do Alecrim F.C, Campeão de Futebol do Rio Grande do Norte, em 1962; que sob o comando, ora do saudoso Geléia; ora de Pedinho Quaarenta, tinha a seguinte formação: Manoelzinho, Miltinho. Orlando, Berilo e Miro. Ilo e Caranguejo. Zezé, Paulo Geladeira, Galdino e Furiba. Pois foi Galdino, naquela época, durante uma concentração, que me contou essa munganga que estou lhes repassando nesse 05 de junho de 2010. Um vaqueiro, depois de um dia inteiro de estafante trabalho, chegou em casa, no pé de uma serra, amarrou seu cavalo, desarriou-o, deu banho, colocou ração no coxo e deixou seu companheiro de lida, refazendo suas energias. Entrou em casa, onde sua cabôca esperava com seu filho de 4 a 5 anos, despiu-se de suas vestes de vaqueiro e foi tomar seu banho. No mato daquela época longínqua, não se tinha nem notícia da existência de banheira e/ou chuveiro; os banhos eram tomados ou numa tina, feita da metade de um barril de madeira; ou banho de cuia, com água tirada de um recipiente qualquer... E nosso personagem, tinha uma tina, onde fazia seu asseio. Depois de se despir, entrou na tina e começou a tomar seu banho. Seu filho, muito pegado com o pai, quis tomar banho também, e entrou na tina, onde ficou espremido junto ao pai. E como todo menino que se preza é levado fora da conta, inventou de pegar na “chibata do pai”; que alarmou:
- Ôxente, meu fíi; qui arrumação é essa ? Sorte essa infeliz e tome seu bãe derêito!
E o menino, chorando:
- Eu quero brincá cum o seu pirú, papai...
A mãe, ouvindo a zoada, quis saber o que estava havendo e contemporizou:
- Deixe, hôme; o bichíin é um inucente; num tem maliça não! Pode brincaá, meu fíi; cum o pirú de seu pai. Num faiz má, não.
O menino continuou com a sua “brincadeira” e a mãe foi lá prá dentro, com seus afazeres. De repente, se ouviu na casinha de taipa, o grito prá lá de estridente:
- Uaaaaaaiiiiiiii! Menino, cachorro da mulexta; tá ficando dooooido ?
Quando a mãe chegou prá ver o que tinha acontecido, tava o marido encolhido, se contorcendo em dores e o menino num choro desconsolado. A mãe, aflita, perguntou:
- O qui danado foi isso, minha agente ?
E o menino; entre um soluço e outro, explicou:
- Foi nada demais não, mãe; foi o pirú de pai qui cuspiu na minha cara e aí; eu dei-lhe um chute no papo!...