A FREIRA LURDINHA

Naquela bucólica tarde de outono a freira Maria de Lurdes bordava com fios de ouro a mitra que lhe havia sido encomendada pelo cardeal.

De tão colorida, parecia que a cena havia sido extraída de algum catecismo.

O céu azul, as negras vestes da freira, o escarlate da mitra e emoldurando tudo uma secular roseira que contornava todo o pátio do convento.

Quando batia uma brisa, a roseira generosamente derramava sobre a freirinha delicadas pétalas de rosa.

De repente Lurdinha espetou o dedo e com a dor gritou - Merda!

Botou a mão na boca em sinal de reprimenda e disse – Pôrra... falei merda!

Ainda mais assustada disse – Puta pariu... falei pôrra!

Alguns segundos depois completou – Ah!... foda-se!...eu não queria mesmo ser freira!

Todos os créditos e o mármore do inferno vão para meu amigo Hermitão.

Wilson Pereira
Enviado por Wilson Pereira em 27/04/2010
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