Vale cincão?
Jantar delicioso, posto e aprovado, todos se deliciam, após algumas doses do melhor Bourbon e algumas cervejas, já na despedida Lobo pergunta a seu amigo Paulo:
Beberia uma dose de Tequila Ouro por cincão? Sim, aquela da prateleira do bar!
Mórbido prazer o de ver alguém se dar mau, e claro, fica muito melhor quando se é um grande amigo, pensou Lobo. E tirou cinco reais do bolso.
Paulo pensa, pensa, lembra da janta, do dia, de seus inúmeros trabalhos a concluir, e no tanque vazio de seu carro, não que dinheiro fosse problema, mas um desafio de amigo, e ainda mais envolvendo álcool, não, não era para fracos, não ali, não naquele dia e debaixo daquela lua, não recusaria a oferta e muito menos o desafio, Paulo aceita e vira a dose. Olha profundamente nos olhos de Lobo e em um olhar reflexivo e vermelho, diz, vou vomitar e passa mau, corre a área da frente da casa e coloca tudo para fora e os cinco no bolso. Tudo bem, Lobo preocupado pergunta ao amigo se esta tudo bem, se havia passado e vê o quanto foi seria sua proposta e sua causa, fica por alguns segundos em silencio, arrependido em partes, chama Paulo ao bar, abre uma cerveja e tudo passou, foi só um mau estar, e tudo resolvido, Paulo bem, Lobo olha para sua cara e sobre a luz do bar, em silencio enfia suas mãos nos bolsos, busca ali uma nota de cinqüenta reais e imediatamente alcança a garrafa de Tequila logo acima de sua cabeça e a bate com força por cima do balcão e discretamente escorre a nota da onça pelo mármore e diz com um sorriso malicioso e demoníaco a seu amigo:
Cinquentão, a garrafa!
Inacreditavelmente, os olhos de Paulo ainda brilham, e pensa, porra, se não fosse o curso amanhã, uma UTI, um como alcoólico, não seria homem de fazer desfeita a este desafio, mas tudo bem, Lobo guarda sua nota e Paulo guarda a garrafa, mas o olhar dos dois amigos sabiam que se não fosse alguns detalhes impeditivos, daria merda e com certeza. Encerram a conversa com Lobo trocando garrafas entre tequila, cachaça, Bourbon e outras bebidas e cantando escravos de Jó enquanto as trocava no balcão. Chego a uma conclusão, o cara quanto nasce sacana, morre sacana, o olhar de meu amigo sobre a nota de cinqüenta logo após passar muito mau pelos cinco, valeu mais um milhão, é de morrer, de rir.