O CASAMENTO DUIS MATUTO - Causo fictício.- Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Edição de 22 Ago 2009
Hoje, antes de mais nada; quero abraçar meu amigo Júnior, da Marazul Turismo, que tem dado uma grande força a nós que fazemos parte do Projeto Por do Sol do Potengí, e que hoje está realizando um Fantour na Praia de Perobas. Um novo destino do turismo norteriograndense. E é assim, mestre Júnior, que eu lhe agradeço a força que nos dá no dia a dia. Divulgando seu trabalho; bem como de todos aqueles que nos ajudam no nosso trabalho de divulgação da cultura popular nordestina...
Mas, vamos ao causo de hoje; pescado do interminável acervo do meu confrade e amigo Rui Vieira, funcionário aposentado do Banco do Brasil, em Campina Grande-PB.
Dando uma pincelada no “leriado” do meu querido confrade; não para corrigir o que quer que seja, mas, para acrescentar mais algumas informações ao leitor (a); casamento de matuto é um tema maravilhoso; e mais do que apropriado para celebrarmos hoje, O DIA DO FOLCLORE. Um casamento matuto é um poço insecável de “ Mungangas, Presepadas e Outros Bichos”... (Título do segundo livro que publiquei). Começa desde a ida e a volta dos noivos para a Igreja. A bebida, para quem não sabe, é um costume antiqüíssimo; os convidados pagam pela mesma, num “buteco” armado no “terrêro” da casa da noiva. Já a comida, “é franca”! Por conta dos nubentes. O cabra pode se preparar, ficando de jejum dois ou três dias antes do casamento, para depois da cerimônia religiosa; “cumê inté a gata miá”... De farofa de bolão a arroz de leite, farofa de feijão macássa, bode, pôico e carnêro torrado; buchada, panelada, sarapaté, peru, galinha caipira; sai de tudo e mais um “bucado de milacria”... No forró, derna da saída da noiva prá igreja, o “pé de bode (fole de oito baixos), o melê (quando não tem zabumba; é uma espécie de tambor, feito de uma acurêta sem fundo, com uma das extremidades coberta com uma borracha de câmara de ar, é o instrumento de percussão) e o triângo”; são ouvidos a meia légua de distância. E pelo cenário onde esse causo se passou; passei muitas e muitas vezes, com destino ao Carirí paraibano, sozinho ou acompanhado do meu saudoso pai. É uma cidadezinha do Brejo Paraibano, de nome Cubatí; na região de Guarabira, Alagoinhas, Alagoa Grande, Pirpirituba, Bananeiras, Solânea e outras mais. Segundo meu amigo Rui Vieira, Cubatí é uma cidade de pouco comércio e apenas e tão somente com atividade agrícola (isso, quando chove...). Isso faz com que os rapazes da cidade emigrem para o sul, onde muita gente ainda tem Sumpaulo, como o grande “eldorado”. E um dêsses matutos, “daquele de ficá parado na porta de um alevadô, cum mêdo de entrá”; passou alguns anos em Sumpaulo, e numa das suas férias, depois de muito economizar; resolveu casar com uma jovem donzela, sua prima, bem diferente das mulheres dos grandes centros. Em vinte dias, namorou, noivou e casou com essa prima que morava no Sítio Canoa Velha. A lua de mel seria na viagem de volta a Sumpaulo. Já em Campina Grande, a 80 Km de Cubatí, foram passar a noite no Hotel Serrano, do meu querido primo e amigo, Manoel Motta Filho. E ali, no conforto de um apartamento de luxo, o cabra, muito cerimonioso e falante; pôs-se a tirar a roupa. Quando se achava nu em pelo, a jovem alarmou:
- Meu Deuso; o qui é isso ?!
Ele, muito falante, com o sotaque adquirido na paulicéa, explicou-lhe prá lá de cerimonioso e emocionado:
- É o pênis, minha filha; meu órgão sexual, instrumento com o qual vou lhe dar prazer e gerar nossos filhos...
E ela, após matutar por alguns instantes; disparou:
- Ôxe; e isso é qui é o tá de pênis ?! Qué dizê qui é a mêrma coisa do “carái” do primo Juca; só qui é munto mais menó, né; meu fíi ?!...
E o noivo reconheceu que a globalização já havia chegado a Cubatí!...