"chinelo abandonado

"Chinelo Abandonado"

Um chinelo preto abandonado

Tamanho quarenta e quatro, um pouco mais

Naquela estrada foi deixado

De quem era saberia –se jamais.

Mas por coincidência do destino

Esta história vai mais adiante

O chinelo pertencia por desatino

Ao João , um nobre retirante.

Certo dia João saiu de sua terra natal

Tentar a sorte em outro Estado

Veio do Sertão da Bahia afinal

Passagem paga com dinheiro emprestado.

Chegou em Atibaia nossa cidade

Arranjou serviço numa propriedade rural

João se encheu de felicidade

Estava empregado, com ganho mensal.

Com o salário que recebia

Em troca do seu serviço

Honrava seus compromissos

À família mandava dinheiro com alegria.

Sua primeira compra

Feita com carinho e zelo

Foi para colocar nos pés

Compro um par de chinelo.

Aquele homem antes descalço

Hoje com chinelo nos pés

Todos dia agradecia a Deus e Nossa Senhora

Demostrando ser de muita fé.

Mas num certo dia por infelicidade

Tomado pela solidão e amargura

João foi a um boteco da cidade

Bebeu pinga forte e pura .

Amarrou um fogo danado

E saiu pela estrada de chão batido

No outro dia acordou atordoado

Percebeu que um chinelo havia perdido.

Depois daquele dia

Com a cara cheia de vergonha

João nunca mais bebeu

Mas perdeu sua face risonha.

Pendurou seu chinelo solitário

Na parede da casinha onde morava

Mas sempre agradecia a Deus

Quando da primeira compra se lembrava.

Mas João não andava descalço

Com os pés tocando o chão

Porque ganhou de presente do chefe

Um par de sapatão.