O MININO FÊIO...- Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Edição de 11 de julho de 2009

Olá, meus fíi e minhas fia!

Eita, minha gente;tem coisa qui mêrmo sendo coisa séra, num dá mode um ispaço qui nem o CANTÍIN DO ZÉ POVO ficá calado... Tô dizendo isso, mode me reportá a uma apresentação qui fiz onte, no Hoté SHERS, na Via Costêra, no encerramento da Reunião Duis Diretô do SESC-Região II.

Quando um agente curturá qui nem eu, tá mêi mocorongo qui nem eu tava, e é chamado mode participá de um evento dêsse, meu fíi; dispôi da apresentação, “num tem cuma num criá áima nova”... Verdade! Uis cabra, tanto uis hôme cuma ais muié, paricia inté qui tava devorando cada palavra de cada poema matuto qui eu decramava.

Arrecebí uis dado sôbre cada um duis nove Diretô qui tava participando da Reunião, ao mêi dia, e quando foi ais cinco da tarde, in ponto, eu tava decramando o cordel qui eu tinha produzido, falando de cada um duis participante e de sua região.

Coliê, meu fíi; quem tem um “paricêro” qui nem o SESC, pode dêxá dá cachorro in setenta e láigatixa in dizenove”... O SESC, “se o ispríto num me ingana e a verdade num me mente”, é Séiviço Sociá do Cumérço, né ? Apôis eu acho qui caía munto bem, mais um C nessa sigra; ô sêje; Séiviço Sóciá do Cumérço e da Curutra... E Marconi Marinho, irmão de Wellington Marinho, meu colega de infança do Colégio Marista e dais “gritada de paiáço duis circo que era aimado na Praça Tamandaré de ôtrora”; é PhD in arrecebê visitante; o cabra se disdróba e leva a séro o amá a Deus sôbre todas ais coisa e ao próximo cumo a si mêrmo... E deve siiví de inzempro prá munta gente boa, cumo o Dotô qui ficô de ir lá no Pô do Só do Potengí na quinta fera passada e cagô na rabichola; num deu nem ais cara... O Dotô fêiz qui nem na históra do pai qui antes de morrê, disse p’ruis trêis fíi qui tinha:

- Meus fíi, no meu velóro, quero qui cada um de vocêis, bote dois míi reá no meu caxão.

Uis fíi, era um médico, ôto adevogado e ôto inginhêro. O médico, no velóro, chegô munto chorôso e butô no caxão uis dois míi reá qui o véio pidiu in vida. O inginhêro, iguaimente, feiz do mêrmo jeito do médico. E o adevogado só de butuca, na dêle, paricia uma raposa véia... Inté qui uis dois, o médico e o inginhêro, chegaro p’ru irmão adevogado e dixero:

- Meu irmão, você se isqueceu do pidido de papai ?

E o adevogado, qui nem uma “rapariga cum mais de vinte ano de cabaré”, bateu na testa cuma se só agora tivesse se alembrando e falô:

- É mêrmo, mano; vô fazê isso agora mêrmo...

E, ato cuntíno, fêiz um cheque de seis míi reá, butô lá no caixão do véio e guardô no bolso uis dois pacote de nota de cem reá qui uis dois irmão tinha butado...

Eita, ia me isquecendo; dia seis de agôsto próximo vindôro, numa quinta fêra ais vinte e trinta hora, no Teatro Alberto Maranhão, estarei cum o grande sanfonêro Roberto do Acordeon, se Deus assim o permitir, apresentando um Tributo à querida e sodosa Myriam Maia, cum o meu show intitulado CANTURIA DE MATUTO-TEMAS, VERSOS E CAUSOS... E mode vocêis tê uma idéia do show, vai sê de causos reais e fictícios; tô inté cum uma idéia aqui na cabeça, mode trazê prá riba do páico, um duis meus personage vivo dais minhas andança do passado... Vai sê causos qui nem êsse qui ela mêrmo (Myriam) me contô certa vêiz. Um casá teve um minino “fêi qui só trêis velocípe dento de um saco”... E o pobrezíin do minino, tinha na sua fiúra, a véigonha da famía. E adispôi de cinco ano de nascido, sem nunca tê ido nem na calçada, a mãe cum dô na cunciênça e cum pena do “bichíin (êsse era bichíin mêrmo...), chamô o marido e falô:

- Meu marido, vamo tirá essa criança da prisão; o minino cum quage seis ano, sem nunca tê visto nem a rua; isso é inté um pecado qui nóis tamo cumetendo... Já sei o qui nóis vai fazê; chegô um circo na cidade e a istréia é hoje, sexta fêra. Intonce, no domingo de tarde, nóis vai ao circo e leva o bichíin, mode êle se distraí...

Aí o marido deu um pinote do tamãe do mundo:

- No circo mêrmo não; quem quizé vê qui venha aqui in casa!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 11/07/2009
Reeditado em 11/07/2009
Código do texto: T1693609
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