E O JAPA TAROU PELA MULATA...- Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-NATAL-RN, edição de 18 de abril de 2009
Na madrugada de hoje, acordei e fiquei matutando sobre o que iria escrever para vocês. E lembrei com uma saudade danada, do meu saudoso irmão, José Quirino da Motta, Zé Quirino, como era chamado intimamente; ou ainda Zé Motta, como era conhecido pelos motoristas de táxi da antiga e também saudosa Praça Hilmann, na esquina da Av. Rio Branco com a Rua João Pessoa, aqui em Natal e pelas jovens “fazedôras de caridade” dos cabarés de nossa cidade. Êle era meu “cupincha”, digo isso com um carinho muito grande; era quem comparecia às reuniões de pais e mestres do Colégio Marista, como meu “responsável”. Algumas vezes chegou a ser companheiro de “peregrinações biritológicas e/ou prostibulares”. E foi numa dessas “arrumações”, mais precisamente na Peixada do Piaba, ex-jogador do ABC F.C, que êle me passou a estória que o Cantinho do Zé Povo leva até vocês, nesse sábado. Estávamos eu, êle, o Véio Fulêro, Gil Barbosa com seu violão a tiracolo e Zé Luiz, que tanto tocava violão, como cantava e bebia “a marvada”... Todos nós sabemos que nossa Terra Brasílis sempre foi o eldorado dos nossos “irmãos da istranja”(como diz meu irmãozinho matuto). E certa feita, um japonês arrumou uns trocados no seu país e se mandou em procura do País Tropical, em busca de fortuna. Trabalhou em tudo que se possa imaginar, ganhando seus trocados, que lentamente foram se transformando em graúdos. Mas o “japa” não esperou se transformar em empresário. Quando amealhou uma certa quantia dos nossos “cruzeiros”, pediu demissão do emprego e no dia marcado, lá estava na empresa, para receber a “bufunfa”... Naquela época, o Brasil ainda não era tão desenvolvido ao ponto de ter assalto e muito menos, assaltantes... E o “japa” pegou um “tupufú” de dinheiro, colocou aquele volume no bolso de sua “calça faroeste”(é o novo...) e saiu todo cheio de vida. Na portaria da empresa, deu de cara com uma mulata de quase dois metros de altura, daquela que não precisava nem êle se abaixar se quizesse ter algum papo mais íntimo com ela; e encantou-se de imediato. Passou a seguir aquele típico exemplar de mulher brasileira... Ela notou, mas não se incomodou. Começou a para nas vitrines das lojas mais caras e observando tudo o que de belo e luxuoso ali estava exposto. Parou numa joalheria e se encantou com um anel de brilhantes. Olhou, olhou, e já ia seguir em frente, quando o “japa” falou, batendo no bolso onde estava o dinheiro recém recebido:
- Anel bonito, non ?! Zaponês compla; zaponês tê dinhêlo...
Ela seguiu adiante, sem dar atenção ao nipônico, que não saía de seu pé. Depois de parar em várias vitrines e ouvir a mesma proposta sobre tudo o que lhe encantava, parou numa loja de automóveis e começou a namorar com uma BMW conversível, de umas que haviam muito parecidas com o nosso Karman Guia da época. E o “japa” fez a mesma proposta:
- Carro bonito, non ?! Zaponês compla; zaponês tê dinhêlo!...
Aí, a reação da mulata foi diferente:
- Compra meeeesmo ?
- Compla; qué vê ?
E, ato contínuo, entrou na loja e efetuou o negócio, que consumiu aproximadamente 99,9% do seu dinheiro. Ao entregar as chaves à mulata, ela lhe convidou de imediato:
- Agora vamos para minha casa.
E chegando num prédio luxuoso de um bairro luxuoso da metrópole, entrou com o carro e o japonês na garagem; e subiram para o décimo segundo andar do prédio, onde ela morava. Lá chegando, enquanto ela foi se trocar, o “japa” começou seu ritual. Tirou a camisa, dobrou bem dobradinha, fez o mesmo com a calça, as meias, ficando só de cuecas. Quando a mulata voltou, numa lingerie, a mais luxuosa possível; chegou a tempo de ver o “japa” amarrar todos seus pertences com seu cinturão e atirar pela janela, no meio da rua... E a mulata, com os olhos esbugalhados, questionou:
- Por que você fez isso ? Jogou tudo seu no meio da rua ?!
E o japonês, na sua simplicidade, explicou:
- “Zaponês vai tlepá até morrê”!...