A BARRACA DE "ARROCHADA" - Causo Verídico-Década de Setenta
Êita, saudade “fela da gaita”!
Esse verdadeiro “santuário”, para quem gostava de qualquer tipo de birita, principalmente da “marvada” e/ou todo e qualquer tipo de tiragôsto ( num sei se é assim, adispôi do acordo ortográfico...), ficava na Praia do Meio, em frente ao Restaurante O PANELÃO, do meu amigo Fernando, irmão do não menos amigo Anchieta, da Potiguar Honda. Pertencia ao seu Geraldo, que na época, era casado com Dona Maria. Essa barraca, tinha como vizinhos, a Barraca de Vovó (uma véínha que inté hoje eu jamais soube qual seu nome de batismo...) e a Barraca de Direito, outro vivente cujo nome verdadeiro era uma icógnita para todos nós (ispía, cuma eu tô falando delfice ?!...). Mas a barraca de Arrochada, não possuía esse nome. Antes de se tornar o point daquela orla, tinha uma placa bem grande, com o nome Barraca Tuban. Acho que seu Geraldo queria colocar o nome Tupam, pois era fã ardoroso da cultura indígena. O nome começou a ser mudado quase que naturalmente; pois quando chegávamos no recinto, éramos saudados efusivamente por Dona Maria:
- Diga aí, meu fíi; tudo arrochado ?
E eu, de minha parte, quando ela perguntava “tudo arrochado”, lhe respondia “in riba da bucha”:
- Eu tô arrochado qui nem um prato de papa; num passa uma bola de baskete...
A risadagem era geral. E com essa saudação de Dona Maria, a “mundiça” foi se acostumando, se acostumando, até que Dona Maria passou a ser conhecida como Dona Maria Arrochada; ou simplesmente Arrochada... Ali, além de mim, freqüentavam o recinto, o Prof. Batista, Zequinha do Frigonorte, outro cabra que jamais soube do seu nome e que a gente chamava de “Zé Golinha”, Toinho, que era recepcionista do então no auge, Hotel Internacional dos Reis Magos; meu querido e saudoso amigo DURUCA (esse a gente tem que escrever o nome com todas as letras maiúsculas...), meu cunhado, com licença da má palavra, Adiel de Lima, e os atletas que jogavam no ABC e AMÉRICA, ou sejam; Drailton, Garcia, Pedrada, Arié, Zeca, Alberí, Baltazar, o saudoso Lambarí, do ALECRIM, Marinho Chagas, quando estava de folga do NÁUTICO, o roupeiro Prisiáca, do AMÉRICA, o massagista Macarrão e muitos outros comensais e bebessais da “troupe biitológica”... E certo dia, cheguei lá e estranhei que Dona Maria não me saudasse como de costume. Então, fiz a minha parte:
- Diga aí, Arrochada; tudo in riba ?
E Dona Maria, “séra qui só um sapo cagando”, respondeu:
- Eu quero pidí uma coisa a vocêis tudíin; ninguém fale mais cumigo me chamando de “arrochada” não.
E eu, provocando o prolongamento da explicação, perguntei ?
- Ôxe; e pru quê, muié ?
- Foi o peste do inguinorante daqui. Geraldo dixe qui vocêis me chamando de arrochada, pru certo “já provaro de eu sabe se eu sô arrochada ô frôxa”...
Aí, eu tentando segurar a “gaitada” que teimava em escapar, lhe respondi:
- Tai uma coisa, Arrochada; diga a seu Geraldo qui êsse apilido seu, agora só quem tira é uis castigo de Deus; a sinhora já é e vai sê Arrochada inté o fim duis seus dia...
Aí, o peste do meu cunhado, Adiel, emendou:
- Mêrmo qui de arrochado, só tenha ais calça!...
E a Barraca de Arrochada só faltou vir abaixo com a risadagem de quem ali se encontrava...