Manual oficial do pagador de micos ... e como se sair com classe! – Parte I

* Os micos que eu já paguei, você está pagando e seus amigos vão pagar um dia! *

Situação:

O rádio-relógio toca. Aquele alarme que você adora te despertando para uma segunda-feira. Você poderia até acordar com aquela cara de: “mas o que foi que eu bebi ontem?”, mas esse é um dia especial. Daqueles que não precisam de motivos para amanhecerem cheios de perspectivas positivas. Abre os olhos com um sorrisão na cara e aquele ar de dia do pagamento. Salta da cama, sem usar as mãos, com um treinado movimento ninja (tudo bem, eu sei que você não conseguiu... mas não desista nunca!). Escova os dentes duas vezes pra garantir que não esqueceu de nenhum siso, passa gel no cabelo com a cara do mascote do Cepacol e até usa aquele seu lindo Listerine ‘Curaçau Blue’ que você comprou para enfeite e deve até ter passado da validade (tem validade isso?). Coloca sua camisa mais bonita, a calça que foi lavada a menos tempo (2 meses) e até aquela sua cueca dos Simpsons furada (isso mesmo, a cueca da sorte!).

E lá vai você. Caminhando a dançantes passadas em direção ao trabalho e balançando sua pasta numa versão Gulliver do barco vicking. Sorrindo e acenando com a cabeça para todos nesse seu dia perfeito, nem nota que pouco tempo atrás passou por ali uma passageira chuva de verão. Tampouco que a combinação da água com a tinta da faixa de pedestres causa uma combinação “vaselinamente” letal. Mas Murphy notou...

Avenida São Jutiá do Piriquim. Sinal vermelho. Oito mãos de carro na mesma direção. Dez apertados segundos para o sinal verde. Seu destino: o outro lado. E a passagem se inicia. Passo após passo você prossegue sua desastrosa caminhada. Após uma certeira pisada você inicia sua queda! Os pés vão tomando o ar enquanto os braços fazem o desesperado movimento de rodar para trás (aquele alongamento que você nunca faz na academia, sabe?) em busca de alguma senhora de idade distraída para se apoiar. Todo o esforço em vão, seu destino já é certo!

Seu encontro com a faixa só não é mais infeliz que seu encontro com o olhar dos passageiros dos carros parados ali a diante. As reações podem ser dos mais variados tipos, mas existe uma que jamais deixará de acontecer (principalmente com avenidas com 8 faixas). A sádica risada prolongada! Não bastasse isso algumas pessoas, além de rirem incontroladamente, ainda fazem o favor (mostrando para todos que ainda não viram) de apontar freneticamente na sua direção...

Revisemos resumidamente então o cenário: de um lado a avenida lotada de carros, os carros lotados de pessoas e as pessoas lotadas de sadismo. Do outro lado um pateta (você, eu, seu amigo, o próprio Pateta...) espatifado no meio da avenida...

E agora José?

Opções:

A) Levantar-se tão rápido quanto caiu, fingindo que nada aconteceu.

Pior opção, jamais a escolha. Essa reação causa ainda mais risadas. Tentar fingir que você não pagou algum mico que pagou de fato piora muito a sua situação, pois dessa maneira você está assumindo de fato não sabe o que fazer (e os perversos sádicos se alimentam disso). Além de lembrar do seu tombo para o resto da vida as pessoas nunca mais esquecerão do seu rosto. Isso se você não der o azar de que alguém do seu escritório esteja em alguma das oito faixas e depois espalhe gentilmente a notícia pelo seu departamento...

B) Fingir ter se machucado, simulando dor.

Opção intermediária. Coloque as duas mãos sobre o joelho, berre, chore, esperneie... tudo o que você fazia quando sua mãe te colocava para dormir mais cedo (e que você faz quando sua mulher resolve assistir a novela na final do Brasileirão!). A reação no início é a mesma: pessoas rindo perversamente e apontando para você. Mas assim que perceberem a “gravidade” da situação, o sádico (porém gentil) povo brasileiro virá em seu socorro. Irão lembrar de seu rosto e seu tombo, assim como na primeira opção. A vantagem nesse caso é que essa queda não será mais vista como algo cômico, e sim como um casual acontecimento. A outra clara vantagem é ganhar uma carona para o trabalho!

C) Apontar para todos e rir esquizofrenicamente, saindo caminhando normalmente depois.

Melhor opção, não pense duas vezes antes de escolhê-la. Assim que cair no chão aponte imediatamente para os carros (antes que qualquer pessoa tenha tempo de esboçar qualquer reação). Ainda sem se levantar (sempre apontando para eles) comece a abrir um sorriso. Comece com um sorrisinho leve e vá abrindo-o largamente. Ao mesmo tempo vá esbugalhando seus olhos. Nesse momento todos vão estar te olhando com cara de assustados e confusos sem saber o que fazer (mas com certeza ninguém estará rindo). Comece então a fazer o jogo inverso. Comece a fazer eles pensarem que quem estão pagando o mico são eles. Comece a rir!!! No início a risada será difícil e teatral, mas em menos de dois segundos você vai estar gargalhando sem controle de sua própria atuação! Aponte loucamente para todos enquanto ri e se saboreie cada momento da cara das pessoas assustadas com você. Em seguida, levante-se calmamente, tire o sorriso do rosto, passe a mão na roupa, arrume o cabelo e prossiga seu caminho normalmente como se nada tivesse ocorrido.

Dessa vez sim você fugiu do mico com classe! Você virou a mesa, foi mais sádico que todos os sádicos juntos e ainda por cima fez com quem ninguém entendesse nada. Ninguém riu de sua queda e você acabou transformou seu mico num grande show de comédia particular. Além do mais você pode ter ajudado muito em um problema familiar comum, pois essa cena toda com certeza fez com que aquele pai atrapalhado, que não sabia a hora certa de conversar com o filho sobre álcool e drogas, o fizesse imediatamente assim que chegasse em casa!

Josadarck
Enviado por Josadarck em 17/08/2008
Reeditado em 17/08/2008
Código do texto: T1132830
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