"SÃO PAULO DE TODOS NÓS" Sampa I
Quem dera mergulhar em águas imaginárias e, ao emergir, fixar meu olhar no ponto onde tudo começou.
Quem sabe meus pés calcassem então o solo enlameado e virgem de projetos e edificações.
Quem sabe dissesse ao colonizador: “O que estás ajudando a construir hoje tornar-se-á, no futuro, o espaço das grandes concentrações voltadas para o lazer, a informação e a cultura. Enfim, para a vida...
Aqui, onde depositas a pedra fundamental, milhares de passos passarão pisando.
Talvez alheios a tudo que hoje aqui ocorre.
Noutros,, porém – sobretudo aqueles com olhares poéticos,lúdicos e boêmios, repousarão inspirados versos,cantigas,contos e cantorias.
E, mesmo que não verbalizem um agradecimento sonoro que se faça ouvir em toda a plenitude, tenham a certeza de uma coisa: no íntimo de cada ser, desses capazes de enxergar com a ótica poética, haverá ao menos um filete de regozijo e satisfação por estar aqui.
Teus olhos, ó idealizador, obviamente já tragados há muito pelo solo – pois isso dar-se á daqui a mais de quatro centenas e meia de anos – não verão nada disso.
Desde já conforta-te, porém, em saber que tu serás lembrado.
E quando as cortinas do sol abrirem-se no horizonte, e quando vários poetas estiverem reunidos, então saberei que neste dia os calendários do nosso solo paulistano estarão marcando 25 de Janeiro de 2008.
Teu gesto então será celebrado por aqueles que carregam no coração o amor por esta mãe-metrópole tão receptiva e hospedeira.
Que não faz distinção de raça, cor, credo.
E que a todos se dá, sem nada esperar em troca.
A não ser o gozo pela vida e pela preservação de sua própria história.
Autor Carlos Silva