AVE ZAGALLO!

AVE ZAGALLO!

 

Numa porteira havia um galo,

Que já foi ave a nos acordar,

Mas esse era de ferro e aro,

Dizendo qual vento a chegar.

 

Se ele é do norte ou do sul,

Do leste ou oeste a sussurrar,

Eu sei que ao vento ele é nu,

Mas não sente o friagem do ar.

 

Já nos gramados dos estádios,

Tivemos outro galo a jogar,

Pois era o Zagallo dos rádios,

Nos tempos dos jogos de azar.

 

O Brasil era muito provinciano,

E o futebol era paixão nacional,

Com a Carmem Miranda dançando,

E um Grande Otelo tão genial.

 

Zagallo se mostrou resiliente,

E foi pelas copas para ganhar,

Venceu quatro delas no dente,

Saudando as bolas além mar.

 

Junto com Pelé e Garrincha,

Além de outros pares fiéis,

Jogou e treinou sem pechincha,

Pintou cores vivas e pastéis.

 

Foram noventa e dois anos,

O seu tempo de quatro taças,

E foi um libertário humano,

A pedir respeito dos parças.

 

Se o mundo teve que engolir,

Que dirá a baleia com Jonas,

Mas Zagallo poderá abduzir,

Levando a bola nessa carona.