ERNESTO
HOJE FAZ 30 ANOS QUE SEU ERNESTO SE FOI.
DEIXO AQUI, EMOCIONADO,
A POESIA QUE FIZ EM SUA HOMENAGEM
E QUE ESTÁ EM MEU LIVRO "DOCE FEBRE"
PUBLICADO EM AGOSTO DE 1995.
De tanto ver proliferar
as nulidades, as mensalidades,
as impunidades, o homem
sente vergonha de ser Ernesto.
Ernesto era meu pai.
Honesto era meu pai.
Cansou da proliferação de modernidades.
Foi-se embora.
Deixou-me assim. Pasmo diante de tantas
verdades que dizia.
Não teria sido ele uma águia.
Nem de Bar Bosa algum.
Talvez um primata em cultura.
Mas era sim, um ser magno.
Simples, sábio...justo.
Que se preocupava com o
imposto de renda.
Aposentado à dura pena,
após anos de luta, como tantos.
Nunca teve jatinhos, nem jeitinhos.
Nem nunca foi influente.
Mas era gente.
E porque era gente, ele se foi.
Com ele, confesso, foi também
uma parte de mim.
De tanto ver proliferar as nulidades,
queria ter meu pai a viver de novo.
Pra mim.