A ELZA E EU
A ELZA E EU
Num dia de breve saudade,
Damos só até logo pra Elza,
Pois tudo será de verdade,
Se não tenho mais a pressa.
Depois que atravessa o portal,
Só quem lá está sabe a festa,
E ri de quem vende um jornal,
Se ali só o passado confessa.
Mas tenho certeza do traço,
Que Elza riscou na caverna,
Marcando pra sempre o palco,
Do Brasil que nos interessa.
Elza viu a vida em compasso,
Com Garrincha e toda a festa,
Mas viveu pela voz ser de aço,
Pra dizer que a vida é só essa.
Só não foi conivente à riqueza,
Pois cobrou a pertença da dor,
E lembrou que a cesta na mesa,
É melhor que dizer ser doutor.
Foi a preta rebelde das noites,
A rasgar sua voz recorrente,
Pra dizer quem recebe açoites,
Na história de entes ausentes.