O MEU PRIMEIRO DISCO DE RAUL SEIXAS - COMO TUDO COMEÇOU

O meu primeiro contato direto com a obra musical de Raul Santos Seixas (28/06/1945 - 21/08/1989) deu-se a partir de 1991. Para ser mais exato, foi no final deste referido ano, quando então chegara em Queimadas PB um parquinho de diversões, o qual se instalou por detrás da igreja matriz.

Coincidentemente, sempre que aparecia por lá, eu ouvia tocar um determinado disco de vinil todo arranhado do Raul. E eu já me amarrava em músicas como Eu nasci há dez mil anos atrás, Gita, Ouro de Tolo... embora não soubesse praticamente nada a respeito do cantor que as interpretava.

Adiantado pra variar, na época eu negociei esse disco no valor de um novo com o proprietário do parque. Lembro-me que fui na companhia de um amigo, Ironildo. No dia seguinte, quando lá retornei para brincar no parquinho, o coroa já havia substituído o disco velho por um novinho em folha, justificando aquele velho ditado: “quem tem besta não compra cavalo”. E foi então, a partir desta data, 25/11/1991, que eu tornei-me esse fã póstumo, porém fervoroso e incondicional da arte de Raulzito Seixas, procurando conhecer a fundo toda sua obra e os detalhes mais indispensáveis possíveis.

Mas, claro, eu não poderia jamais esquecer os meus amigos Eduardo (que se encontra hoje no Rio de Janeiro) e Alessandro, Sandrinho (este residente em Queimadas, motorista de van), os verdadeiros precursores - dentro de nossa faixa etária, óbvio - do mito Raul Seixas em toda a cidade de Queimadas. Os únicos camaradas que numa época tão distante (1989/1990) mostraram-me em primeira mão um Raul que eu ainda não conhecia e, infelizmente, cheguei até a ignorar.

Também pudera, vendo e ouvindo-lhes curtir aquele som tão diferente, a princípio até estranho para mim (algumas músicas que eu só viria a conhecer bem mais tarde), há de se convir que fosse natural uma rejeição logo de cara. Ainda mais para um sujeito como eu, que nunca se ligou efetivamente em música. Lembro-me, até mesmo, que cheguei a dizer-lhes algo que nunca esqueci, uma frase do tipo:

- Como é que alguém pode gostar de ouvir as músicas de um cara que já morreu?

Hoje em dia sou eu quem ouço muita gente dizendo a mesma coisa. Chega a ser irônico. É tão simplesmente a ignorância daquilo que se ignora. A propósito, um artista universal como Elvis Presley, considerado o ídolo maior de Raul, ainda hoje continua vendendo dezenas de milhares de discos e sendo lembrado em todo o mundo, mesmo após a sua morte, em agosto de 1977.

Durante a minha infância e adolescência, eu realmente não fazia ideia de quem era, na verdade, Raul Seixas. E também não me recordo, até hoje, absolutamente de nada a respeito de sua morte, em agosto de 1989. Não havendo, portanto, nenhuma lembrança dessa época. Algo que só vim mesmo ficar por dentro anos depois, através de fotografias e imagens do fato ocorrido.

Eu precisei, portanto, “entrar no buraco do rato para com o rato poder transar”, como diria o próprio Raul. E o ponto de partida para conhecer a fundo toda sua biografia, bem como poder entrar em sua vasta e importantíssima obra musical foi definitivamente o meu velho disco, Os Grandes Sucessos de Raul Seixas. Aquela “bolacha”, o primeiro LP que comprei na minha vida, foi realmente o começo de tudo, uma “separação de águas”, eu diria assim. Um marco na minha vida e que me transformou no que sou hoje, mais um de tantos “Malucos Beleza” espalhados por esse Brasil afora, e até no exterior. Neste ano de 2021, mais precisamente no dia de hoje, 25 de novembro, completam-se, da minha parte, 30 anos de culto à memória do Raul.