www.medium.com Acesso: 14 Fev 2021
"Não mexa comigo, eu sou a menina de oyá"
Peço gentilmente licença à Oyá para esta singela homenagem à sua Menina. Segundo alguns noticiários, lidos por mim, pela primeira vez em muitos anos, Bethânia não passou o dia 13 de fevereiro em Santo Amaro da Purificação, onde participa tradicionalmente das festividades religiosas nessa época do ano. Há 56 anos, Bethânia estreava nos palcos cariocas.
"- Vim comemorar com vocês o dia 13 de fevereiro, dia mágico para mim", disse a "Abelha-rainha" em sua primeira "Live." Excelência na escolha do repertório, impecáveis sobre o palco encontravam-se Bethânia e seus músicos. Inicia-se o show "Explodindo o nosso coração" de Gonzaguinha, em seguida, oferta-nos num imenso fio de mel, poemas de letras cantadas, poesias recitadas, que se permeiam entre o compositor José Augusto ao " Poema do Menino Jesus" de Fernando Pessoa, de Guimarães Rosa à poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner, adocicando seu público no sentido mais poético e puro da palavra.
"Eu quero vacina, respeito, verdade e misericórdia..."
Essa voz que ecoa mundo afora, cantou a violenta morte de Miguel do Recife, na canção "2 de junho", de Adriana Calcanhotto.
"Miguel, cinco anos, nome de anjo, 35 metros de voo... do nono andar...", antes de nos alertar sobre as atrocidades da Casa Grande, em outros versos, disse que tudo ocorreu "num país negro e racista, no coração da América Latina". Seguidamente, cantou com maestria um dos hinos da ditadura militar, "Cálice" de Chico Buarque e Gilberto Gil, escancarando em sua belíssima interpretação que os artistas não se calarão diante de governos autoritários.
Contenho a emoção e já me encontro em "Estado de Poesia" de Chico César, acariciando a minha face, tal qual a brisa de sua Bahia. O vozeirão na canção "Kirimurê" de J. Velloso atravessa o universo virtual, nos sensibilizando com a fome de nossa gente e dos traços guardados em nós que por hora são amenizados pela saudação às folhas brasileiras, folhas essas que abrem passagem para o "Velho Chico", na canção "Lapa Santa" de Paulo Dáfilin e Roque Ferreira.
"...Pelas horas do bendito, louvado seja o Velho Chico"...
Louvando sua Bahia, a "Menina de Oyá", responde com sua alma de poetisa, a indagação da canção "De onde eu vim?" de Paulo Dáfilin e Roque Ferreira:
"-Quando eu saí da Bahia, pedi a bênção ao Nosso Senhor do Bonfim...
Lá tem samba, batucada, magia, tem dendê, poesia, gente bonita que acredita que o sol há de brilhar...", quem sou eu para duvidar?
Sua saudação a Caymmi na canção "Doce" de Roque Ferreira, soou tal qual a ousadia serena , a leveza desse grande artista de nossa incomparável Música Popular Brasileira.
"Quem cantou a Bahia foi Oxum, mas quem adoçou a Bahia e embalou foi Caymmi..."
"Luminosidade" de Chico César foi dedicada a Caetano com um pedido:
"-Gostaria de ouvir o meu afilhado, meu querido sobrinho Zeca, filho de Caetano, cantando essa música."
-Estamos aguardando, Zeca!
A "Menina de Oyá" mexeu muitíssimo comigo, quando cantando "Reconvexo" de Caetano, numa citação à Dona Canô, agasalhou o coração com sua mão , exalando afeto, ternura...
Afagos e mais afagos nos chegavam em "Olhos nos Olhos, de Chico Buarque, "Onde estará o meu amor?" de Chico César e tantas outras belas canções que serenavam até aos ouvidos de Tom, Vinicius, Caymmi, João Gilberto...
Ouço atentamente sua voz, dizendo:
"-Ano que vem, se Deus quiser, brincaremos dobrado. Sinto muito a falta de vocês todos e sinto fundo. É triste ficar longe, eu não gosto. Sigo com a esperança de tê-los e vê-los no meu colo, muito breve."
Semblante sério, de punho erguido, simbolizando a resistência , compartilha seu pensamento àqueles que acreditam na ciência e consequentemente na vida, nos sólidos versos do saudoso Gonzaguinha:
"Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita, e é bonita..."
Tive o prazer de reverenciar Bethânia em 2016, quando ela foi homenageada pela "Estação Primeira de Mangueira", na Marquês de Sapucaí. Naquele momento mágico que a vida me proporcionou, constatei que o Brasil da "Menina de Oyá" é o país que leva para longe tudo que nos aprisiona, nos comprime e também aquele que incita , instiga nossos desejos e nossos sonhos...
"- Vim comemorar com vocês o dia 13 de fevereiro, dia mágico para mim", disse a "Abelha-rainha" em sua primeira "Live." Excelência na escolha do repertório, impecáveis sobre o palco encontravam-se Bethânia e seus músicos. Inicia-se o show "Explodindo o nosso coração" de Gonzaguinha, em seguida, oferta-nos num imenso fio de mel, poemas de letras cantadas, poesias recitadas, que se permeiam entre o compositor José Augusto ao " Poema do Menino Jesus" de Fernando Pessoa, de Guimarães Rosa à poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner, adocicando seu público no sentido mais poético e puro da palavra.
"Eu quero vacina, respeito, verdade e misericórdia..."
Essa voz que ecoa mundo afora, cantou a violenta morte de Miguel do Recife, na canção "2 de junho", de Adriana Calcanhotto.
"Miguel, cinco anos, nome de anjo, 35 metros de voo... do nono andar...", antes de nos alertar sobre as atrocidades da Casa Grande, em outros versos, disse que tudo ocorreu "num país negro e racista, no coração da América Latina". Seguidamente, cantou com maestria um dos hinos da ditadura militar, "Cálice" de Chico Buarque e Gilberto Gil, escancarando em sua belíssima interpretação que os artistas não se calarão diante de governos autoritários.
Contenho a emoção e já me encontro em "Estado de Poesia" de Chico César, acariciando a minha face, tal qual a brisa de sua Bahia. O vozeirão na canção "Kirimurê" de J. Velloso atravessa o universo virtual, nos sensibilizando com a fome de nossa gente e dos traços guardados em nós que por hora são amenizados pela saudação às folhas brasileiras, folhas essas que abrem passagem para o "Velho Chico", na canção "Lapa Santa" de Paulo Dáfilin e Roque Ferreira.
"...Pelas horas do bendito, louvado seja o Velho Chico"...
Louvando sua Bahia, a "Menina de Oyá", responde com sua alma de poetisa, a indagação da canção "De onde eu vim?" de Paulo Dáfilin e Roque Ferreira:
"-Quando eu saí da Bahia, pedi a bênção ao Nosso Senhor do Bonfim...
Lá tem samba, batucada, magia, tem dendê, poesia, gente bonita que acredita que o sol há de brilhar...", quem sou eu para duvidar?
Sua saudação a Caymmi na canção "Doce" de Roque Ferreira, soou tal qual a ousadia serena , a leveza desse grande artista de nossa incomparável Música Popular Brasileira.
"Quem cantou a Bahia foi Oxum, mas quem adoçou a Bahia e embalou foi Caymmi..."
"Luminosidade" de Chico César foi dedicada a Caetano com um pedido:
"-Gostaria de ouvir o meu afilhado, meu querido sobrinho Zeca, filho de Caetano, cantando essa música."
-Estamos aguardando, Zeca!
A "Menina de Oyá" mexeu muitíssimo comigo, quando cantando "Reconvexo" de Caetano, numa citação à Dona Canô, agasalhou o coração com sua mão , exalando afeto, ternura...
Afagos e mais afagos nos chegavam em "Olhos nos Olhos, de Chico Buarque, "Onde estará o meu amor?" de Chico César e tantas outras belas canções que serenavam até aos ouvidos de Tom, Vinicius, Caymmi, João Gilberto...
Ouço atentamente sua voz, dizendo:
"-Ano que vem, se Deus quiser, brincaremos dobrado. Sinto muito a falta de vocês todos e sinto fundo. É triste ficar longe, eu não gosto. Sigo com a esperança de tê-los e vê-los no meu colo, muito breve."
Semblante sério, de punho erguido, simbolizando a resistência , compartilha seu pensamento àqueles que acreditam na ciência e consequentemente na vida, nos sólidos versos do saudoso Gonzaguinha:
"Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita, e é bonita..."
Tive o prazer de reverenciar Bethânia em 2016, quando ela foi homenageada pela "Estação Primeira de Mangueira", na Marquês de Sapucaí. Naquele momento mágico que a vida me proporcionou, constatei que o Brasil da "Menina de Oyá" é o país que leva para longe tudo que nos aprisiona, nos comprime e também aquele que incita , instiga nossos desejos e nossos sonhos...