(Imagem do Google)
Minha irmã Regina
Vieram-me à lembrança, nossas brincadeiras de criança, o balanço feito por papai no pé de manga, nossas cantigas desafinadas de roda, os momentos de "trabalho infantil", quando passávamos no ferrinho à brasa as roupas de nossas bonecas. Sinto o sabor do suco de tamarindo com as pedrinhas de chuva, o malabarismo que fazíamos ao calçarmos os sapatos de salto dos adultos e saírmos desfilando pela casa. E as bonecas feitas pelos sabugos de milho, quão graciosas eram!
À noitinha, recebíamos os vaga-lumes, dizendo-lhes amavelmente:
"Vaga-lume tum... tum..., seu pai 'tá' aqui, sua mãe 'tá' ali, tocando viola, brilho que consola...
Crescemos juntas, minha irmã Regina e eu. Éramos cúmplices de um amor tão sublime que só agora, percebo sua dimensão. A pandemia nos distanciou geograficamente por sete meses. Prometíamos nos encontrarmos assim que a tempestade desse passagem a um ventinho sereno, acariciando nossas faces e usufruírmos do melhor que a vida tinha a nos oferecer.
Há seis dias, recebi a notícia de sua partida, devido a um infarto fulminante. O mundo tornou-se acinzentado e meu coração desbotado, já sentia uma saudade enorme dos nossos casos, nossas risadas e do afeto recíproco que havia entre nós. Juntamente com meus filhos, fui meio desnorteada me despedir dessa irmã tão querida, tão amada!
Nas noites insones, peço ao Senhor para amenizar essa dor, contemplo suas fotografias, daqui a pouco, será outro dia...
Fosse eu poetisa, Regina seria a mais terna inspiração para uma poesia...