commons.wikmedia.org Acesso: 03 julho2020
Estátua de Machado de Assis em Madri
M'achado
1838, época de rendoso comércio de pessoas. Desembarca no Rio de Janeiro, num navio negreiro, juntamente com humildes trabalhadores das Ilhas dos Açores, Maria. Os açorianos não eram vendidos, pagavam-se por eles o custo da viagem e em troca trabalhavam sem remuneração por determinado tempo. Maria casa-se com Francisco José , ambos pessoas muito simples, só um fato os distinguia dos vizinhos, sabiam ler, talvez por isto, por simpatia, eram protegidos pela proprietária da chácara do Livramento, Dona Maria José. Ele trabalhava como pintor de paredes e de móveis, ela, mulher rendeira e bordadeira. Dessa união nasceu o menino Joaquim Maria Machado de Assis, sonhavam grandes destinos para a criança, poderia vir até a ser caixeiro, Deus ajudando...
Machado aprendeu a ler com a mãe e com o pai que figurava entre os assinantes do "Almanaque Laemment", enciclopédia preferida da corte do Rio.Essa criança franzina, frágil, resistiu às perdas da irmã, da mãe e da madrinha. Em tenra idade foi coroinha, onde aprendeu latim com o Padre Silveira Sarmento. Posteriormente, atuando como aprendiz de tipógrafo, foi denunciado ao então administrador da Imprensa Nacional, Manuel Antônio de Almeida, que só sabia ler, ler, ler, ao que Manuel respondeu:
"-Ler livros nunca pareceria motivo para despedir alguém. Disse isso quiçá pela simpatia ao jovem aprendiz.
Aos 15 anos, Machado de Assis via pela primeira vez seus versos publicados no jornal "Marmota Fluminense". Começou a frequentar boas bibliotecas ,participava de grupos de escritores, interagia com os amigos da literatura. Machado era o menos favorecido socialmente, mas também o mais atento, almejando primeiramente a luta pela vida e pela formação literária. Aos 21 anos, era considerado uma das mais importantes personalidades entre o meio intelectual carioca.Aclamado como um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de Camões, Shakespeare, Dante , foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário. Influenciou grandes nomes de nossa literatura, dentre eles, Olavo Bilac, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade.Estudou a língua grega para se familiarizar cedo com Platão , Sócrates e o teatro grego. Com José de Alencar, aprendeu o inglês. Suas obras esgotavam-se rapidamente, tinham em comum a excepcionalidade, seus contos sempre admiráveis, retratava como poucos a política brasileira da época.
Ao atuar-se na vida pública, era corretíssimo ao tratar do dinheiro alheio. Nada se aprovava antes de ter absoluta clareza das aplicações do dinheiro público.Machado surpreendeu-me ao saber que ele participou do primeiro torneio de xadrez efetuado no Brasil em 1880.
"Tudo pode ser, contando que me salvem o xadrez."
Quando se fala que Machado de Assis fundou a Academia Brasileira de Letras, o que se queria dizer é que ele foi um dos seus maiores idealizadores. Os escritores a fundaram e precisavam de um presidente em torno do qual não houvesse discussão. A Academia surgiu mais como um vínculo de ordem cordial entre amigos do que de ordem intelectual. Machado foi um presidente assíduo, dava sugestões, nada impunha aos seus companheiros, era democrático, vocábulo atualmente desdenhoso em nossa nação, tão carente do pão.
Carolina, moça vinda da cidade do Porto, culta, afetuosa, foi o grande amor de sua vida. Apresentou também a Machado os clássicos portugueses, diversos autores ingleses. Eram cúmplices na dedicação, no amor, nos momentos literários, os quais , Carolina interferia delicadamente em seus textos, opinando, interagindo no sentido mais amplo e enriquecedor. O casal tinha na alma a sensibilidade, o encanto pela poesia. Carolina sempre ali, nas dificuldades financeiras, amparando-o em suas crises de epilepsia. A epilepsia iniciou-se na infância, vez por outra, via-se caído nas ruas, o que o deixava extremamente triste, abatido. Em suas crises de retinite, ficava dias sem escrever, recorria à sua doce Carolina que lia os jornais para seu amado poeta com tamanha dedicação. Viveram 35 anos juntos, após a partida de Carolina, sentiu-se profundamente deprimido, notado pelos amigos que lhe visitavam.
Disse Machado, quando partiu sua amada Carolina:
"-Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum."
Dedicou seu último soneto intitulado "À Carolina" a essa mulher a quem escrevia ternas cartas de amor. Após alguns anos, escrevia Manuel Bandeira:
"-É uma das peças mais comoventes da Literatura Brasileira. "
Em 29 de setembro de 1908, jornais de vários países noticiaram a morte desse que era considerado o maior poeta desde o século XIX até aos nossos dias atuais. Machado partiu aos 69 anos, na casa do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, cercado pelos amigos mais íntimos. Uma multidão saía da Academia levando-o até à sepultura de sua doce Carolina.
Em tempos de currículos duvidosos, esse Mestre das Letras não cursou uma universidade. Suponho que já o acompanhava, desde a tenra idade, essa tal intelectualidade.
Machado aprendeu a ler com a mãe e com o pai que figurava entre os assinantes do "Almanaque Laemment", enciclopédia preferida da corte do Rio.Essa criança franzina, frágil, resistiu às perdas da irmã, da mãe e da madrinha. Em tenra idade foi coroinha, onde aprendeu latim com o Padre Silveira Sarmento. Posteriormente, atuando como aprendiz de tipógrafo, foi denunciado ao então administrador da Imprensa Nacional, Manuel Antônio de Almeida, que só sabia ler, ler, ler, ao que Manuel respondeu:
"-Ler livros nunca pareceria motivo para despedir alguém. Disse isso quiçá pela simpatia ao jovem aprendiz.
Aos 15 anos, Machado de Assis via pela primeira vez seus versos publicados no jornal "Marmota Fluminense". Começou a frequentar boas bibliotecas ,participava de grupos de escritores, interagia com os amigos da literatura. Machado era o menos favorecido socialmente, mas também o mais atento, almejando primeiramente a luta pela vida e pela formação literária. Aos 21 anos, era considerado uma das mais importantes personalidades entre o meio intelectual carioca.Aclamado como um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de Camões, Shakespeare, Dante , foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário. Influenciou grandes nomes de nossa literatura, dentre eles, Olavo Bilac, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade.Estudou a língua grega para se familiarizar cedo com Platão , Sócrates e o teatro grego. Com José de Alencar, aprendeu o inglês. Suas obras esgotavam-se rapidamente, tinham em comum a excepcionalidade, seus contos sempre admiráveis, retratava como poucos a política brasileira da época.
Ao atuar-se na vida pública, era corretíssimo ao tratar do dinheiro alheio. Nada se aprovava antes de ter absoluta clareza das aplicações do dinheiro público.Machado surpreendeu-me ao saber que ele participou do primeiro torneio de xadrez efetuado no Brasil em 1880.
"Tudo pode ser, contando que me salvem o xadrez."
Quando se fala que Machado de Assis fundou a Academia Brasileira de Letras, o que se queria dizer é que ele foi um dos seus maiores idealizadores. Os escritores a fundaram e precisavam de um presidente em torno do qual não houvesse discussão. A Academia surgiu mais como um vínculo de ordem cordial entre amigos do que de ordem intelectual. Machado foi um presidente assíduo, dava sugestões, nada impunha aos seus companheiros, era democrático, vocábulo atualmente desdenhoso em nossa nação, tão carente do pão.
Carolina, moça vinda da cidade do Porto, culta, afetuosa, foi o grande amor de sua vida. Apresentou também a Machado os clássicos portugueses, diversos autores ingleses. Eram cúmplices na dedicação, no amor, nos momentos literários, os quais , Carolina interferia delicadamente em seus textos, opinando, interagindo no sentido mais amplo e enriquecedor. O casal tinha na alma a sensibilidade, o encanto pela poesia. Carolina sempre ali, nas dificuldades financeiras, amparando-o em suas crises de epilepsia. A epilepsia iniciou-se na infância, vez por outra, via-se caído nas ruas, o que o deixava extremamente triste, abatido. Em suas crises de retinite, ficava dias sem escrever, recorria à sua doce Carolina que lia os jornais para seu amado poeta com tamanha dedicação. Viveram 35 anos juntos, após a partida de Carolina, sentiu-se profundamente deprimido, notado pelos amigos que lhe visitavam.
Disse Machado, quando partiu sua amada Carolina:
"-Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum."
Dedicou seu último soneto intitulado "À Carolina" a essa mulher a quem escrevia ternas cartas de amor. Após alguns anos, escrevia Manuel Bandeira:
"-É uma das peças mais comoventes da Literatura Brasileira. "
Em 29 de setembro de 1908, jornais de vários países noticiaram a morte desse que era considerado o maior poeta desde o século XIX até aos nossos dias atuais. Machado partiu aos 69 anos, na casa do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, cercado pelos amigos mais íntimos. Uma multidão saía da Academia levando-o até à sepultura de sua doce Carolina.
Em tempos de currículos duvidosos, esse Mestre das Letras não cursou uma universidade. Suponho que já o acompanhava, desde a tenra idade, essa tal intelectualidade.