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(Imagem do Google: Acesso 30-04-2020)

Cecéu e a liberdade
 
Entre cactos e arbustos desfolhados, nas paisagens das baraúnas em flor, nos verdes canaviais do Recôncavo baiano, em 14 de março de 1847, nasceu na fazenda Cabaceiras, próxima a Curralinhos,  Antônio Frederico de Castro Alves, Cecéu para os familiares e amigos próximos. De seu pai herdara o gosto pelas artes, de sua mãe, Clélia, a doçura, de Leopolidina, sua mãe de leite, o amor à raça escravizada.

Conheceu as primeiras letras em Muritiba, aluno dedicado, em tenra idade admirava os romances de princesas e cavalarias que sua ama de leite lhe contava. A família muda-se para a capital da província, o pai, médico, foi um grande colaborador no combate ao cólera_morbo, epidemia que dizimou metade da população do Rio Vermelho, dando exemplo ao filho de tamanha dedicação ao próximo.

Fora um dos melhores alunos do ginásio do famoso educador à época, Abílio César Borges. O desejo do educador era de incutir nos alunos o gosto pela poética, dali haveria de sair fornadas de poetas e estadistas do Brasil, uma vez que os baianos tinham uma grande queda para as artes da oratória. Cecéu encantava o professor com seus versos de métricas perfeitas, rima exata de agradável musicalidade. O poetar, o romantismo de Cecéu levara o pai a embarcá-lo onde o Beberibe e o Capibaribe se encontram com o mar, encontrava-se Cecéu na Veneza brasileira. Ao chegar, o que mais lhe encantou foi o bater dos tambores que vinha da sombra dos coqueirais.

Fora reprovado em geometria nos exames do vestibular, gostava mesmo era de poetar, desenhar, ler seus poetas preferidos e somente na terceira tentativa matriculou-se na tão conceituada Faculdade do Recife.

Viveu algum tempo em São Paulo, Rio de Janeiro, fora apresentado a Machado de Assis através de José de Alencar. Crítico e escritor de peças teatrais, também Fundou com Ruy Barbosa uma sociedade abolicionista, tendo como objetivo promover a libertação dos negros fugidos. Dizia que a vida é para ser livre, que se fizesse algo para que a escravidão fosse banida de nossa terra. Ao presenciar uma muher negra na senzala ser chicoteada com a criança que embalava ao colo, escreveu:
(...)
"E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono
De seus braços, arrancá-lo!"
Haveria de compor muitos poemas, clamando pela abolição da escravatura, contra todas as tiranias. Almejava uma poesia viva, que sensibilizasse às pessoas. Seus poemas vinham dos tambores, dos berimbaus de sua Bahia.

Pelas cidades por onde passou, Cecéu esteve ao lado dos intelectuais, declamava seus poemas nos grandes teatros, ovacionado, cortejado pelas moças da época devido a  sua sensibilidade, inteligência, elegância no que se refere à educação,à beleza física.

Voltara à sua Bahia, ao aconchego de seus familiares, com o pé amputado devido a um acidente em uma de suas caças, debilitado também pela tuberculose.
Leonídia, a moça do campo, a doce Idalina, Agnese, a atriz italiana,  fizeram parte de sua vida e foram agraciadas pelos seus versos, embora seu grande amor fora a espevitada atriz portuguesa Eugência Câmara. A ela foram dedicados os versos a seguir:
(...)
"Recorda-te do pobre que em silêncio
De ti fez o seu anjo de poesia,
Que tresnoita cismando em tuas graças,
Que por ti, só por ti, é que vivia..."

Numa tarde clara, o céu sem nuvens, cheio de gaivotas, amparado pela família, às três e meia, partiu aquele que dizia que a liberdade é o maior bem do mundo, no auge de seus vinte e quatro anos.
Suponho eu que a praça que é do povo, ouvia o riso do condor lá do alto daquele céu, dando boas-vindas a Cecéu...



 

 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 30/04/2020
Reeditado em 28/08/2020
Código do texto: T6933321
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