O RUFAR DOS TAMBORES, PARA O DELEITE DE UM ARCANJO MEU

O RUFAR DOS TAMBORES, PARA O DELEITE DE UM ARCANJO MEU

Se uma mesa bem posta tivesse os segredos guardados, lá dentro daquele tambor, saberíamos os ocultos sabores para o deleite dos pratos que se abalam trincando, com talheres de prata, ou inoxidáveis prodígios metalúrgicos que ajudam na ceia, embalada pelos ecos e tinidos metálicos que se mostram tão fálicos, mas traduzem a fome que vem lá dos porões.

E porões são senzalas, de tranças fiadas, nos torsos ornados de dread que trazem o suor, embalado por sons, os quais ecoam nos couros, de tambores crioulos, que se moldam nos tampos dos tambores do além, pois os acordes que cinge mil colos, são as melodias que ninam os que surgem de um oitavo berçário, sob as graças de Juno, e não de Januário.

E as baquetas, que se mostram nervosas - quando em polvorosa elas tremem nos couros - hoje se debruçam sobre sintéticas capas nos tampos, para receber seus impactos, que marcam os cantos de poetas e cantores, e todo o encanto que fazem do oito um singelo dia de junho, onde o infinito se mostra de pé pra brindar os arcanjos, que ressurgem do sempre, pra mostrar num repente, que o amor vem do tudo ou do nada, para nos dar todo um mês que é de festa, dos santos à beça, pro gozo do milho e juninos licores.

Mas quais são os sabores do néctar da vida, que se insurgem teimosos, pois têm como algoz o desvio dos genes, que distorcem os tecidos, o sangue e os órgãos, de uma vida que brota, como as águas nas grotas, das rochosas montanhas que nos permitem regalos?

E eu ouço os estalos em minha memória, que me mostram a glória da cura, de todos os que têm missões pra cumprir. Mesmo que eu tenha de rir, pois chorar não mais quero, pois espero o sincero destino que tanto almejo, pois meu maior desejo é ver ser feliz quem eu trouxe ao mundo, num momento fecundo de meus atos de luz, já que eu fujo da cruz pra buscar meu destino, que bem desde menino eu procuro e não acho. Mas, como um doce no tacho, eu quero ser o manjar para a vida, pois só Deus é certeza e minha guarita, a guardar e vigiar o que tanto eu sonho.

E vou aguardar, como fiz desde o começo de minha ardente jornada, que o meu endereço o carteiro encontre, pra trazer o meu nome no rufar dos tambores, sentindo o couro em tremores, a olhar pras baquetas que são como canetas a escrever com as dores, as quais, com todos os venenos ou doces sabores, vão ser as receitas que me mostram os filhos meus, que são o mote para um samba, no picadeiro das fênix que um Raphael me fez amar, pois sua luta e dom de vida me faz ser mais do que o fel, pois o seu mel me esclareceu, que o dom da vida não é do homem, mas só surge e ressurge pela vontade que é de Deus, que é mistério infinito!


Publicada no Facebook em 09/06/2019