Retrospectiva do ano de 2019
Este ano que termina parece que passou voando. Mal começou janeiro e já estamos em fins de dezembro. Quanto mais velha fico, mais rápido passa o tempo e mais eventos vivencio, mais gente eu perco, mais decisões eu faço. Tudo e muito fluido na vida e este ano não foi diferente.
Comecei o ano no meio do ano escolar daqui da Califórnia. Lá estava eu lecionando tecnologia para todos os aluninhos da escola de jardim ao quinto ano. Eu era a professora favorita, a professora que ensinava coisas interessantes e deixava as crianças brincarem com jogos educativos nos últimos minutos da aula. Eu não tinha reuniões com pais e nem tinha que passar tarefa e corrigir provas. Isso foi até fins de março quando uma colega de trabalho adoeceu e não conseguíamos arrumar uma professora bilíngue para tomar as rédeas da classe.
Fiquei com tanta pena dos aluninhos que estavam sendo repartidos em salas diferentes e não estavam tendo instrução em espanhol que era a primeira língua deles. Por duas semanas eu os via chegar em minha sala de computadores atordoados e perdidos. Cheguei para a diretora da escola e ofereci assumir a classe para que as crianças não se atrasassem tanto como já pareciam estar se atrasando.
Por um mês e meio eu acolhi estes pequeninos, ajudei a recuperá-los, participei de reuniões de pais, fiz boletins, enfim, fiz parte da vida destas crianças de seis e sete anos que tinham muita energia, mas encheram minha vida de amor.
Chegaram as férias de verão, trabalhei com alunos de ensino médio, muito diferentes, mas também precisando de ajuda emocional, suporte literário, um empurrão para passar de ano em literatura em que a maioria deles odiavam por ter que ler livros que não tinham o mínimo interesse, tinham que escrever redações extensivas e estudar a dolorosa gramática do inglês americano que tem mais excessões às regras que a maioria das línguas conhecidas. Eu fiz jogos de gramática e li dois livros que inspiram adolescentes.
Adolescentes vivem no momento e acham que o drama deles e o mais intenso e e único. Eles não param para pensar como é a vida de outros adolescentes. Por isso escolhi dois livros que mostram o que é sofrer na vida e superar estas dificuldades: “A Long Walk To Water”, escrito por Lisa Sue Park, é um livro baseado na vida real de um menino do Sudão do Sul durante uma das guerras civis que assolaram o pais por mais de trinta anos. O outro livro foi “The Absolutely True Diary of a Part-Time Indian”, por Sherman Alexie, um autor nativo americano que descreve o que é crescer em uma reserva indígena pobre aonde alcoolismo é crônico e a síndrome da pobreza e do desespero são enraizados na vida das pessoas. O que diferencia o autor dos outros de sua tribo e que ele foi na escola de alunos brancos em outra cidade e tinha que caminhar dez quilômetros diários para chegar na escola pois seu pai não tinha dinheiro para pôr gasolina no carro e levá-lo. Isso foi no estado de Washington que neva no inverno. Enfim, os alunos acabam valorizando o que tem, e desenvolvem o gosto da leitura, pois o primeiro livro tem só cem páginas e o segundo e em forma de gibi ou quadrinhos. Os trabalhos que eu requeri destes alunos foram diferentes, um foi uma resenha comparativa e outro foi uma representação artística dos livros, assim, não foi tão difícil para eles. Eu os guiei em todos os passos da resenha e deixei que usassem a criatividade no segundo.
Depois deste curso de verão, visitei minha família no Brasil e revi várias amigas da época da secundária. Pensei muito na vida desde que saí do Brasil a trinta e um anos atrás e mesmo antes de vir para cá. Lembrei de pessoas que amei muito e que perdi ao longo da vida. Pensei em decisões que tomei por influência de outros e que na época eu era muito jovem para discernir o erro da decisão. Pensei em como a vida passou e fiquei tanto tempo sem seguir rumos que eu deveria ter tomado e que agora, devido a circunstâncias diversas não me possibilitam voltar atrás e retomar o caminho interrompido.
Retornei a minha rotina e mais uma vez tive que assumir a mesma sala de primeiro ano, pois a professora saiu da escola com menos de dois meses de aula. Comecei com o bonde andando e as crianças não tinham regras algumas, não tinham disciplina, nem energia para sentar e ler um livrinho por mais do que dois minutos. Tive que começar do zero e impor regras e refazer rotinas que não tinham. Os pais das crianças notaram diferenças em menos de uma semana que eu tinha assumido a classe. Passaram-se dois meses, mas ainda não consegui aumentar a energia de tempo de leitura, mas consegui colocá-los em uma rotina saudável e com um bocado de disciplina que era inexistente quando comecei em outubro.
Estou de férias de inverno que aqui são só duas semanas entre o natal e o ano novo. Enquanto viajo fico pensando e procurando atividades para fazer com meus aluninhos.
Estou agora viajando com meu esposo e sobrinha pelo centro Oeste americano, visitando parques nacionais e reservas indígenas, vendo paisagens lindas e passando um frio tremendo, pois a temperatura média aqui é de dois graus celsius negativos. Mas a beleza infinita da natureza será proclamado em outra reflexão.
Em maneira geral, este foi um ano excelente, cheio de amor infantil, cheio de reconexão com pessoas queridas da minha juventude, cheio de eventos únicos, cheio de diagnósticos e de perdas de pessoas queridas, cheio de mudanças pessoais e financeiras, cheio de perguntas sem respostas, cheio de emoções que pensava que não existiam mais, cheio de saudades, cheio de renascimento espiritual, cheio de novos caminhos profissionais, cheio de meditação, cheio de inspiração, especialmente em termos de escrever com mais frequência e com mais inspiração.
Enfim, este ano foi um ano repleto de muitas realizações. Espero que o próximo ano seja ainda mais cheio de eventos que farão de mim uma pessoa melhor que possa fazer a diferença na vida de outras pessoas pois sinto um prazer imenso em ajudar ao próximo.
Desejo a vocês um feliz ano novo repleto de alegrias e realizações! Que Deus os abençoe muito hoje e sempre! Namaste!
Este ano que termina parece que passou voando. Mal começou janeiro e já estamos em fins de dezembro. Quanto mais velha fico, mais rápido passa o tempo e mais eventos vivencio, mais gente eu perco, mais decisões eu faço. Tudo e muito fluido na vida e este ano não foi diferente.
Comecei o ano no meio do ano escolar daqui da Califórnia. Lá estava eu lecionando tecnologia para todos os aluninhos da escola de jardim ao quinto ano. Eu era a professora favorita, a professora que ensinava coisas interessantes e deixava as crianças brincarem com jogos educativos nos últimos minutos da aula. Eu não tinha reuniões com pais e nem tinha que passar tarefa e corrigir provas. Isso foi até fins de março quando uma colega de trabalho adoeceu e não conseguíamos arrumar uma professora bilíngue para tomar as rédeas da classe.
Fiquei com tanta pena dos aluninhos que estavam sendo repartidos em salas diferentes e não estavam tendo instrução em espanhol que era a primeira língua deles. Por duas semanas eu os via chegar em minha sala de computadores atordoados e perdidos. Cheguei para a diretora da escola e ofereci assumir a classe para que as crianças não se atrasassem tanto como já pareciam estar se atrasando.
Por um mês e meio eu acolhi estes pequeninos, ajudei a recuperá-los, participei de reuniões de pais, fiz boletins, enfim, fiz parte da vida destas crianças de seis e sete anos que tinham muita energia, mas encheram minha vida de amor.
Chegaram as férias de verão, trabalhei com alunos de ensino médio, muito diferentes, mas também precisando de ajuda emocional, suporte literário, um empurrão para passar de ano em literatura em que a maioria deles odiavam por ter que ler livros que não tinham o mínimo interesse, tinham que escrever redações extensivas e estudar a dolorosa gramática do inglês americano que tem mais excessões às regras que a maioria das línguas conhecidas. Eu fiz jogos de gramática e li dois livros que inspiram adolescentes.
Adolescentes vivem no momento e acham que o drama deles e o mais intenso e e único. Eles não param para pensar como é a vida de outros adolescentes. Por isso escolhi dois livros que mostram o que é sofrer na vida e superar estas dificuldades: “A Long Walk To Water”, escrito por Lisa Sue Park, é um livro baseado na vida real de um menino do Sudão do Sul durante uma das guerras civis que assolaram o pais por mais de trinta anos. O outro livro foi “The Absolutely True Diary of a Part-Time Indian”, por Sherman Alexie, um autor nativo americano que descreve o que é crescer em uma reserva indígena pobre aonde alcoolismo é crônico e a síndrome da pobreza e do desespero são enraizados na vida das pessoas. O que diferencia o autor dos outros de sua tribo e que ele foi na escola de alunos brancos em outra cidade e tinha que caminhar dez quilômetros diários para chegar na escola pois seu pai não tinha dinheiro para pôr gasolina no carro e levá-lo. Isso foi no estado de Washington que neva no inverno. Enfim, os alunos acabam valorizando o que tem, e desenvolvem o gosto da leitura, pois o primeiro livro tem só cem páginas e o segundo e em forma de gibi ou quadrinhos. Os trabalhos que eu requeri destes alunos foram diferentes, um foi uma resenha comparativa e outro foi uma representação artística dos livros, assim, não foi tão difícil para eles. Eu os guiei em todos os passos da resenha e deixei que usassem a criatividade no segundo.
Depois deste curso de verão, visitei minha família no Brasil e revi várias amigas da época da secundária. Pensei muito na vida desde que saí do Brasil a trinta e um anos atrás e mesmo antes de vir para cá. Lembrei de pessoas que amei muito e que perdi ao longo da vida. Pensei em decisões que tomei por influência de outros e que na época eu era muito jovem para discernir o erro da decisão. Pensei em como a vida passou e fiquei tanto tempo sem seguir rumos que eu deveria ter tomado e que agora, devido a circunstâncias diversas não me possibilitam voltar atrás e retomar o caminho interrompido.
Retornei a minha rotina e mais uma vez tive que assumir a mesma sala de primeiro ano, pois a professora saiu da escola com menos de dois meses de aula. Comecei com o bonde andando e as crianças não tinham regras algumas, não tinham disciplina, nem energia para sentar e ler um livrinho por mais do que dois minutos. Tive que começar do zero e impor regras e refazer rotinas que não tinham. Os pais das crianças notaram diferenças em menos de uma semana que eu tinha assumido a classe. Passaram-se dois meses, mas ainda não consegui aumentar a energia de tempo de leitura, mas consegui colocá-los em uma rotina saudável e com um bocado de disciplina que era inexistente quando comecei em outubro.
Estou de férias de inverno que aqui são só duas semanas entre o natal e o ano novo. Enquanto viajo fico pensando e procurando atividades para fazer com meus aluninhos.
Estou agora viajando com meu esposo e sobrinha pelo centro Oeste americano, visitando parques nacionais e reservas indígenas, vendo paisagens lindas e passando um frio tremendo, pois a temperatura média aqui é de dois graus celsius negativos. Mas a beleza infinita da natureza será proclamado em outra reflexão.
Em maneira geral, este foi um ano excelente, cheio de amor infantil, cheio de reconexão com pessoas queridas da minha juventude, cheio de eventos únicos, cheio de diagnósticos e de perdas de pessoas queridas, cheio de mudanças pessoais e financeiras, cheio de perguntas sem respostas, cheio de emoções que pensava que não existiam mais, cheio de saudades, cheio de renascimento espiritual, cheio de novos caminhos profissionais, cheio de meditação, cheio de inspiração, especialmente em termos de escrever com mais frequência e com mais inspiração.
Enfim, este ano foi um ano repleto de muitas realizações. Espero que o próximo ano seja ainda mais cheio de eventos que farão de mim uma pessoa melhor que possa fazer a diferença na vida de outras pessoas pois sinto um prazer imenso em ajudar ao próximo.
Desejo a vocês um feliz ano novo repleto de alegrias e realizações! Que Deus os abençoe muito hoje e sempre! Namaste!