(Imagem do Google)
"Se não gostares da banda, gostes de mim"
Adélia Prado nasceu em 1935, em Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro. Seus primeiros versos vieram aos quatorze anos. Poetisa, professora, filósofa, contista, ligada ao Modernismo, sua vasta obra é traduzida em vários países.
Publicou seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e Belo Horizonte. Em !975, envia o manuscrito "Bagagem" para Affonso Romano de Sant'Anna, crítico à época de uma coluna literária no "Jornal do Brasil". Admirado, repassou os manuscritos a Carlos Drummond de Andrade que incentivou a publicação do livro. Carlos Drummond publica uma crônica no "Jornal do Brasil" chamando atenção para o trabalho da escritora. Em 1976, o livro é lançado no Rio de Janeiro com a presença de Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitscheck, Carlos Drummond, Nélida Piñon, Affonso Romano, entre outros.
Exerceu o magistério por vinte e quatro anos, intelectual, mãe, esposa, dona-de-casa, representou a valorização do feminino nas letras e da mulher como ser dinâmico, pensante. Falar de Adélia Prado não é tarefa fácil, não saberia expressar todo o valor dessa grande escritora em nossa riquíssima literatua. Transcrevi o poema "Casamento" de sua autoria no espaço a seguir, a meu ver, um de seus mais belos escritos em que o eu-lírico enfatiza o zelo com o outro, o prazer de estar ao seu lado.
Publicou seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e Belo Horizonte. Em !975, envia o manuscrito "Bagagem" para Affonso Romano de Sant'Anna, crítico à época de uma coluna literária no "Jornal do Brasil". Admirado, repassou os manuscritos a Carlos Drummond de Andrade que incentivou a publicação do livro. Carlos Drummond publica uma crônica no "Jornal do Brasil" chamando atenção para o trabalho da escritora. Em 1976, o livro é lançado no Rio de Janeiro com a presença de Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitscheck, Carlos Drummond, Nélida Piñon, Affonso Romano, entre outros.
Exerceu o magistério por vinte e quatro anos, intelectual, mãe, esposa, dona-de-casa, representou a valorização do feminino nas letras e da mulher como ser dinâmico, pensante. Falar de Adélia Prado não é tarefa fácil, não saberia expressar todo o valor dessa grande escritora em nossa riquíssima literatua. Transcrevi o poema "Casamento" de sua autoria no espaço a seguir, a meu ver, um de seus mais belos escritos em que o eu-lírico enfatiza o zelo com o outro, o prazer de estar ao seu lado.
"Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’
‘prateou no ar dando rabanadas’
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva."
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’
‘prateou no ar dando rabanadas’
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva."
P.S Na época da Universidade, tivemos o prazer de recebê-la em nossa sala de aula. Adélia autografou meu livro "Os Componentes da Banda", com os dizeres:
- Rosângela, se não gostares da banda , gostes de mim...
Como não gostar de Adélia Prado?
- Rosângela, se não gostares da banda , gostes de mim...
Como não gostar de Adélia Prado?