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(Imagem do Google)

"Quando o verde dos teus olhos..."
 
Admiro as aptidões das pessoas, sejam elas quais forem, desconsiderando aqui ,  o grau de instrução, refiro-me  aos  dons , os quais  conduzimos  conosco quando aqui aportamos neste universo complexo e vamos  moldando nossos reflexos neste relampejar que é a vida.

Numa sociedade escandalosamente desigual, desvio meu olhar para o "Rei do Baião" . Quando se falam em ritmos nordestinos, há que se reverenciar Luiz Gonzaga, sanfoneiro, cantor e compositor. A música "Asa Branca" com letra de Humberto Teixeira, gravada por ele em 1947 seria um hino do Nordeste brasileiro, retratando a seca que assola o sertão.

"Gonzagão" nasceu no Sertão de Pernambuco, filho de sanfoneiro, desde menino já pegava na enxada, embora preferisse ver  o pai tocar sua sanfona. Logo aprendeu a tocar e animar as festinhas da região.
Conta-se que Luiz Gonzaga era protegido do Coronel Manuel Aires de Alencar e de suas filhas. Com elas aprendeu a ler e  escrever.  Aos 13 anos com o dinheiro que juntou e o  emprestado pelo coronel, comprou sua primeira sanfona. O primeiro dinheiro que ganhou foi tocando em um casamento, percebeu ali seu gosto pela música.

Viveu também no Ceará , com a revolução de 30, viajou pelo país, era o corneteiro da tropa. Viveu em Minas onde serviu o exército e decidiu ter aulas com Domingos Ambrósio, famoso sanfoneiro mineiro. Quando deixou o Exército, ficou nove anos sem dar notícias à família. Permaneceu por  muitos anos no Rio de Janeiro, tocando nos bares do Mangue, nos cabarés da Lapa. Fez carreira no rádio , se empenhando bastante para cantar e gravar as músicas nordestinas.

Após vários anos volta para sua terra natal e posteriormente leva a família para morar no Rio de Janeiro, viveu também  alguns anos em São Paulo, viajando pelo país  e fazendo muito sucesso. Em 1980, cantou para o Papa joão Paulo ll quando" Sua Santidade" esteve ao Brasil.

Assisti ao filme "De pai para filho" o qual retrata uma relação conflituosa entre Gonzaga e Gonzaguinha. Quem sou eu para fazer julgamento, erramos tanto com nossos filhos embora sejam eles os nossos mais valorosos estímulos.

Esse nordestino arretado lutou seis anos contra um câncer de próstada, nos deixando  em 1989. São aqueles artistas de quaisquer segmentos, ritmos, dons e quando se vão restam-nos as  lacunas, empobrecendo nossa cultura, nossa história.
Dentre suas músicas," Asa Branca" e "Assum Preto",  a meu ver trazem o encanto, a persistência e a coragem do povo nordestino e a mim quando ouço ,  o orgulho de ser brasileira.  Antes de conhecer sua história de vida, em décadas passadas, quando cantávamos nas calçadas de casa , eu muito desafinada, engrossava a voz nesses versos:
-"... então eu disse, adeus Rosinha, guarda contigo, meu coração..."
Desconhecia  naquela época, a dimensão da letra dessa música, não tínhamos informações nem de nós mesmas, que dirá do país, do mundo...
E eu nem imaginava que desafinar "ao cantar" "Luar do Sertão" era muitíssimo mais prazeroso que a celeridade em tempos atuais, descomunais...

(...)
"Oh! Que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão"
(...)
http://www.letras.mus.br.MPB.Luar do Sertão. Luiz Gonzaga


                
 
                                               


 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 19/01/2019
Reeditado em 30/07/2020
Código do texto: T6554365
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