Minha pele preta

*Minha pele preta*

Carlos Silva

Vivo com ciência, de que a minha consciência é de luta.

Minhas estradas são templos onde trilhando vou,ao encontra da minha ancestralidade.

A minha voz, emana um som

de paz em reverência a todos os meus irmãos de pele ou de consciência,e essa minha pele identifica a *africanisse* que guardo em meu ser e exponho num riso.

Meu canto ecoa nas matas num ritual de crença,pois as folhas que me banham, abrem meus caminhos dando a mim e aos meus irmãos,a guarda necessária para viver.

De onde venho? Dali,do outro lado do oceano,trazido sem convite e sem argumentar se queria ou não sair da minha mae terra.

Tal qual as raízes que cultivamos para sobreviver,eu também fui arrancado e mercantilizado por vendedores de Almas.

Mas isso, foi ha muito tempo,conforme descreveu Frederico na sua narrativa de NAVIO NEGREIRO.

Apelidaram-no, de poeta dos escravos, pois em lágrimas ele via os açoites e ouvia os gritos de tantos irmãos meus,que também sem convite aportaram por aqui.

Ouço um ZUMBI de vozes em cores, que Afastam as minhas dores,mas não cicatrizam as minhas marcas que trago no vestir da minha pele preta a cada vêz (que por vezes), me olham com desrespeito.