Alguém como ninguém

Minha mãe, desde que eu era pequeno, me ensinava a cuidar da minha dignidade e me empurrava para frente e para cima. Ela fecundava os meus passos e iluminava o meu coração. E o seu beijo tinha gosto de paz. Está em mim, dentro de mim, o seu cheiro de mãe, a candura do seu sorriso e a placidez dos seus olhos.

A Semana Santa é a pintura do seu retrato de santa. Ela dividia com os filhos as alegrias e tristezas e nos mostrava que a passagem do tempo junto da mãe nos torna mais amorosos. E que a ternura é um exercício de vida. Permanece comigo, infinitamente, a sua imagem inapagável e muitas vezes eu a pressinto a meu lado.

Suas palavras de carinho aguçavam os meus ouvidos e molhavam a minha alma, como se fossem uma chuva santa.

Hoje posso enxergar os ângulos que ela criou para os filhos, de projetos e sonhos. E o que ela fazia para consertar os nossos desconsertos.

A sua mão no meu rosto falava mais que as palavras. Era a música de todos os sentimentos.

Por ela, nenhum mal me alcançaria. Assim, me fazia correr para os prazeres da infância.

Minha mãe era um consistente pedaço da minha vida, um brilho de entendimento que nunca se apagou.

Hoje eu a vejo como uma árvore em flor, diante da minha janela. E mesmo que escreva um engarrafamento de palavras, não conseguiria defini-la completamente.

Minha mãe tinha dentro dela o bom senso de saber a hora certa do aconchego ao peito, de transmitir confiança, de regular o calor do afago, de nos iluminar e nos expandir até encontrarmos a felicidade ao lado dela.

Ela nos ensinou a dizer SIM para a vida.

Até hoje eu engulo a sua imagem, para que ela esteja dentro de mim.

Sempre que me lembro dela, um sabiá canoro inaugura as minhas manhãs. E tudo me justifica.

Dizem que não há amor eterno. Há sim. O amor de mãe é eterno.