POEMA DE FINADOS
Manuel Bandeira
 

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

 

                         
 
NOTA: Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. No dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morre o poeta no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista. Uma certa melancolia, associada a um sentimento de angústia, permeia sua obra, em que procura uma forma de sentir a alegria de viver. Doente dos pulmões, Bandeira sofria de tuberculose e sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma constante na sua obra.
MANUEL BANDEIRA
Enviado por Orpheu Leal em 05/04/2014
Reeditado em 05/04/2014
Código do texto: T4757102
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