AO MEU PAI - Galego Bernardo
Seu desejo, desprezado, era pequeno...
Seu coração somente dois ventrículos...
A sua casa dois ou três cubículos
e sua voz pouco mais que um aceno...
Às três horas da manhã ele acordava
pra buscar água distante, na cacimba.
Nos seus lábios o agudo da marimba,
quando a mata, atrás de lenha, ele rasgava.
No final da madrugada, o café quente,
a enxada e a foice o acompanhavam
na viagem, até a roça, de uma légua...
Quase a esconder-se o sol, ridente
vinha, tropo... Fadigas o acompanhavam.
Assim foi a sua vida sem dar trégua...