SERRINHA, VIDA E HISTÓRIA
Serrinha, Bairro querido
Tua história vem de longe
Lá dos tempos em que o verde se afirmava
E as águas eram límpidas,
Tuas lagoas imperavam...
1920. Foi aí que tudo começou
Seu Leôncio e Dona Rosa
Deram origem a esta história
A este Bairro que amamos
A “Lagoa da Rosinha” ainda guarda traços
Dos tempos dourados, esverdeados,
E que poluição sonora! A do cantar dos pássaros
Acordando para mais um dia de labuta...
Barulho de avião? Nem pensar. Asa dura?
Só a dos pássaros mais robustos desafiando a gravidade.
São traços de um tempo que lá se vão,
Passado longínquo, resgate de saudade.
Noventa e um anos depois: poucas marcas dos anos vinte.
Noventa e tantos problemas a exigir solução
Quarenta mil pessoas lutando em busca do pão.
E pão não é só de comer
Crianças, jovens e adultos
Buscam o pão do saber.
Neste território que amamos
Demarcado pela postura historicamente descomposta da grande Fortaleza,
Tão amada quanto maltratada, bela e apaixonante como o primeiro amor,
E tão sofrida no olhar da maioria do povo, quanto um amor desfeito..
Aqui vivemos semeando lutas e esperanças,
Reunindo porções de um povo que teima em desafiar a ignorância oficial preponderante ao longo desse tempo...
Que teima em fazer a construção coletiva, coletividade, irmandade...
Nossa Lagoa, Itaperaoba, é um símbolo degradado
Que queremos ver restaurado
É um sinal de morte e de vida, de vida que resiste ao descaso
Suas águas poluídas representam a escassez da consciência
Consciência? Se ela rareia, a morte campeia...
Nossa lagoa é sinal de vida, mesmo enferma na UTI de um abandono duradouro...
Nos últimos sete anos desta desta saga houve um gerar e um gerir
Que não foi só de lamento...
O movimento da vida circulou e se fez roda de cirandas por estas margens...
O movimento se fez ouvir, houve escuta e comunicação...
Um canto de vida pairou sobre a Lagoa e sobre a cidade... A participação popular foi ao encontro da gestão participativa...
Itaperaoba já não está mais invisível: em seu espelho d'agua rostos sorridentes já podem se perceber em olhares...
Há o desafio emergente de restaurar as mentes e os ambiêntes degradados pela cultura de morte.
A gestão dos movimentos e o movimento da gestão de Fortaleza se fazem de ato em favor da vida!
1920. 2011. Precisamos recuperar um pouco do que tínhamos antes
Precisamos nos aconchegar uns nos outros
Precisamos salvar-nos a nós e o ambiente
Nosso território de vida é aqui
É aqui que nos amamos
E se não houvesse amor seria o fim da história.
Mas ainda bem, que nesta terra, apesar da dor global sistêmica
Seguimos amados e amando
Construindo possibilidades
Sensibilizados e sensibilizando
Mobilizados e mobilizando
Desenvolvendo a comunidade por amor a sua história!