Hans, meu irmão da rua

para Hans Ludovic Hertel

Vai meu irmão ao fim dos teus dias.

Choro pranto vasto. Irrigo a dor,

antes da despedida te pranteio.

Algo que morre em mim me consola,

não há carpideiras, só silêncio,

fomos irmãos na vida, nas namoradas,

no rateio que fizemos para tua inscrição,

eu e mais três amigos, no concurso

que te permitiu iniciar tua carreira

de aeronauta, controlador de torre de voo,

onde o vício do tabaco te trouxe o câncer.

Guardarei tuas risadas numa caixa de

Pandora. Vai fazendeiro, durmas em paz,

sonhes com teu latifúndio onde querias

plantar linguiça e macarrão, regados

com ketchup todos os fins de tarde...

Nós que ficamos, daquele grupo amigo

formado na Escola Estadual Olavo

Bilac, erigiríamos em tua honra,

se pudéssemos, uma estátua

na Praça Argentina, palco das tuas boutades,

das brigas que apartavas com teus braços

largos, generosos nos músculos e atitudes.

Vai meu irmão! Nunca nos alongamos

nas despedidas por causa da perene

certeza do reencontro. Durmas em paz!...

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 18/01/2011
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T2736771
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