(poema feito quando da passagem do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, ocorrida em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro. A foto acima mostra a cidade de Itabira, MG, onde ele nasceu, e a cidade do Rio de Janeiro, onde ele faleceu. E, no meio, uma superposição com a imagem dele)


(...) Mas não quero ser senão eterno (...)
(...) que eu desapareça mas fique este chão varrido onde passou uma sombra (...)
(...) que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma esponja no caos
       e entre oceanos de nada
       gere um ritmo.

                              (Carlos Drummond de Andrade)


APENAS UMA MUDANÇA


Cobre-se de tristeza a poesia.
Quem há
de cantá-la em versos ou em prosa
com a mesma simplicidade?
Quem há-de?

Quando a voz de um poeta emudece
é como se as flores perdessem
o seu perfume
e os pássaros deixassem de voar.
E nós ficamos assim, meio perdidos,
temendo que o belo deixe de ser visto,
sentido e escrito,
pois que a poesia desperta em cada um de nós
o sentimento de amor
e a descoberta da vida...
... e quando se cala a voz de um poeta
é como se calasse a voz do sentimento.

Adeus, Poeta Maior.
A tua estrela adormeceu na Terra
e despertou no Céu
para unir-se às outras estrelas
que embelezam a noite,
para encantar os que, ainda,
têm tempo de olhar o firmamento...




Leuri Lyra
Enviado por Leuri Lyra em 11/11/2010
Reeditado em 11/11/2010
Código do texto: T2609993
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