HOMENAGEM À MAYSA
Todo jovem é cruel, adora tripudiar sobre os outros, qualquer desvio, defeito ou característica peculiar, como ser gordinho por exemplo, é motivo de chacota ou apelido.
Tem o quatro-olho, o rolha de poço, o dumbo, o cotonete de orelhão, o vaca-brava, e por aí vai.
Um amigo com a cara miudinha e narizinho empinado foi apelidado de Brigitte Bardot (e não é que ele parecia mesmo). Mas ele odiava o apelido, sentia que feria sua jovial masculinidade e partia pro “pau”. Mas o apelido só era usado pelos íntimos.
Um dia, servindo o exército, o apelido “vazou” e o serviço de alto falantes do quartel anunciou: SOLDADO BRIGITTE, COMPARECER AO COMANDO!!!.
O Brigitte, que estava do meu lado, emputeceu-se.
- Não me segurem que vou enfiar esta baioneta no rabo do comandante.
Foi um custo pra segurá-lo; o apelido acabou pegando e no fim ele foi obrigado a aceitar ou matar todo o batalhão.
O João Bosco, outro amigo, por ser moreninho e gostar de cantar foi apelidado de Ângela Maria, não se importou e o apelido não pegou.
Eu, por ser claro, de olhos verdes e ser um paulista perdido aqui no meio do cerrado, tentaram me apelidar de Maysa Matarazzo.
Podia ser pior, pensei eu, e aceitei de bom grado o apelido, que, evidentemente não pegou. Fiquei até lisonjeado com a homenagem, já que era fã da cantora e a partir daquela data passei a me achar o próprio filho da Maysa.
“Mamãe” morreu jovem, aos 40 anos em 1977.
Então, aproveito esta oportunidade pra mandar um abraço ao meu “irmão”, que nunca conheci pessoalmente e mandar um recado:
“DESESTRESSA JAYME, CUIDE DE SUA SAÚDE MANO”
Quem sabe, se eu estiver no Rio, dia 22 de janeiro, dia da morte de “mamãe” podemos nos encontrar e tomar um chopinho juntos.