As Várias Faces de Uma Obra de Arte
- Fátima Irene Pinto -
Sempre quis prestar uma homenagem aos formatadores, sejam eles de páginas editadas na web, sejam de slides, sejam de e-mails. Eu não conseguia achar as palavras certas que fôssem muito além de um "muito obrigada".
Acho que hoje encontrei as palavras certas.
Um poema ou mensagem lidos num livro, preenchem apenas o quesito da leitura e da reflexão em si. Há até quem prefira recebê-los assim, mas é algo que carece de vivacidade, carece de expressão.
Mas o fluxo criativo sai do computador do poeta ou da página de um livro, e vai bater nas mãos de outras pessoas sensíveis: os formatadores. Estes também são grandes artistas.
Em primeiro lugar eles sentem a obra e depois tratam de acrescentar à idéia essencial do poeta ou do escritor uma canção de fundo que lhe seja adequada.
Feito isto, escolhem uma ou várias imagens de rara beleza e adicionam ao trabalho.
Não sei se é nesta ordem mas o resultado é mágico.
Um simples poema pode então ser sentido e apreciado não só pela sua qualidade, mas pelo clima que a canção sugere, pela emoção que a imagem evoca!
O poema é a matéria prima "in natura".
O poema bem formatado, é a obra completa!
Formatar é um dom especial, tanto quanto o de escrever: requer delicadeza, inspiração, concentração, habilidade, treino.
Via de regra, o bom formatador não empeteca a matéria prima de tal forma que ela fique pesada ou se perca no meio de mil acréscimos visuais ou auditivos. Pelo contrário, ele usa de sutileza, para que cada detalhe tenha o seu realce na medida certa e harmoniosa.
Ele não compete com o poema, mas aviva-o, ressalta-o e, neste processo ele coloca toda a sua alma de artista.
Embora esta não seja a minha área, imagino que quando um formatador termina a sua obra ele está feliz, realizado e emocionado tanto quanto quem escreveu ou verteu um poema, crônica, mensagem, prece ou reflexão.
É arte pura!
E assim, vejo desfilar pela minha telinha trabalhos de incrível beleza, destes que fazem valer a pena as horas passadas diante do micro e confesso: muitas vezes já chorei diante de uma sublime e expressiva formatação.
Então, que todos nós, ao recebermos um trabalho que nos comova, tenhamos uma palavra e um pensamento de gratidão e valorização pela beleza e pela arte que nos foi ofertada em várias faces. O texto sozinho não é a estrela, mas apenas uma parte porque a outra parte que também nos extasia, deve-se à sensibilidade dos formatadores que juntam num todo, a arte visual e a arte musical.
E, como tudo que é bonito é repassado, nossa gratidão também se estende aos repassadores que acabam se tornando divulgadores e agentes multiplicadores da arte e da beleza.
Espero que todos os escritores reconheçam isto porque, a grande verdade nestes tempos inéditos de literatura cibernética, é que não seríamos nada não fora pela obra artística paralela dos que sabem sentir e interpretar um texto.
Mais do que os livros e as academias, os formatadores têm permitido a imortalidade de obras admiráveis que já teriam caído no esquecimento, não fora pela perseverança destes anônimos sensitivos da beleza.
Da mesma forma não seríamos nada, não fora pela gratuidade dos repassadores que, como pássaros, abelhas, borboletas ou brisas, saem levando aos quatro cantos da rede, aquilo que o poeta, escritor ou filósofo sentiu e que o formatador interpretou.
Por tudo isto e muito mais, sinceramente venho manifestar a minha gratidão a estes artistas, gratidão esta que vai realmente muito além de um "muito obrigada".
Descalvado - SP - Brasil
23.08.2008