Torrinha
"A ocupação e o povoamento onde hoje localiza-se o município de Torrinha caracterizou-se pelo avanço das fronteiras de colonização do interior do país na busca por riquezas. Nos séculos XVII e XVIII essa porção do território paulista era cortada por caminhos de tropeiros e viajantes que aí faziam seu pouso. Com a necessidade de suprimentos de gêneros alimentícios, abastecimento variado e serviços de consertos, surgiram incipientes atividades comerciais e de prestação de serviço, possibilitando a fixação dos primeiros colonizadores da região e a formação de núcleos populacionais.
Esse processo de ocupação intensificou-se com a doação de sesmarias que deram forma e delinearam as grandes propriedades rurais, embriões das futuras áreas urbanas. A Lei de Terra de 1850 favoreceu a vinda de pessoas de outras regiões do país que aqui estabeleceram-se com agricultura de subsistência
em áreas próximas ao pequeno arraial em formação. Através de documentos e registros, sabe-se que algumas famílias torrinhenses já viviam aqui desde 1850. Dessa forma podemos afirmar que as famílias Fonseca Costa, Mello, Dias, Ferreira, Ferraz, Gomes, Ribeiro do Prado, Dias Ramos, Carvalho, Franco de Moraes, Souza, Barros, Teixeira, Leite, Marques, Paiva, França, Pinto, Melchert, Barbosa, Bueno são consideradas as pioneiras, mesmo.
Historicamente, José Antunes de Oliveira é considerado o fundador de Torrinha, foi ele quem doou ao Bispado de São Paulo uma pequena área onde foi edificada uma capela em homenagem a São José (onde se encontra a atual matriz), considerado o padroeiro da cidade. Calcula-se que esse fato se deu por volta de 1870, ou seja, dezenove anos antes da República. Em 1880, documentos da época, registram a chegada de Jerônimo Martins Coelho, neto do Barão de Cocais, Vindo da Borda da Mata, Minas Gerais, que aqui adquiriu grande quantidade de terras que alcançava as localidades de Santa Maria da Serra, Torrinha, Brotas e Dois Córregos. Instalou-se por muito tempo em terras onde hoje está a Usina dos Três Saltos e construiu nesta fazenda uma das primeiras Igrejas Presbiterianas do Estado. Nesse período outras famílias foram chegando e o arraial foi adquirindo vida e com a chegada de Bento Lacerda, que era filho do Barão de Araras, Bento Lacerda Guimarães e de Dona Manuela Franco, em 1886, o pequeno arraial ganha impulso. Bento Lacerda acabara de retornar à pátria, vindo da Alemanha, onde estudara na Universidade Politécnica de Hannover, especializando-se em química e mineração. Aceitou o desafio e veio trabalhar nas terras adquiridas pelo Barão.
Tornou-se uma das figuras mais importantes da história do município. A ele são atribuídas a criação do Distrito de Polícia em 1892 e Distrito de Paz em 1896. O desenvolvimento econômico dessa região iniciou-se por volta do século XIX com a introdução da cultura açucareira. O plantio de cana-de-açúcar no município de Torrinha deve-se à sua proximidade geográfica das áreas açucareiras de Piracicaba, Araraquara e SãoCarlos. Entretanto as condições locais não favoreceram a permanência dessa cultura. O ciclo de cana-de-açúcar impulsionou o povoamento e a colonização, favorecendo a introdução da cultura cafeeira e estimulando a vinda dos imigrantes. A cultura cafeeira foi introduzida no município no final do século XIX e seu desenvolvimento está associado à construção da ferrovia pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, inaugurada em 7 de setembro de 1886, com o nome de Estação Ferroviária de Santa Maria e posteriormente Torrinha. A estação representou a força maior no desenvolvimento da cidade que necessitava de um meio de escoamento e depósito de seu principal produto agrícola, o café, como também foi de utilidade para o transporte de passageiros entre eles os imigrantes. Geograficamente Torrinha tem grandes extensões e são compostas por cuestas basálticas e areníticas, num total aproximado de 80 km, contendo em torno de 34 cânions. O potencial em atrativos turísticos associados a essa feição geológica é indiscutível e podem-se encontrar desde paredões de até 100 metros de altura, cachoeiras belíssimas, algumas cavernas de arenito e basalto e até matas de galeria e de encostas ainda primárias bem preservadas em vales estreitos ainda pouco explorados.Torrinha está inserida no compartimento do Planalto Ocidental Paulista (Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná). A área integra a unidade geotectônica denominada Bacia Sedimentar do Paraná, onde houve acúmulo de espesso pacote sedimentar e intrusões vulcânicas basálticas ocorridas no Terciário (EraCenozóica - entre 70 e 12 milhões de anos) que passaram por processos tectônicos e desgaste erosivo,surgindo daí o relevo cuestiforme (cuestas) de escarpas festonadas, dispostas em arcos voltados parao velho escudo -o Planalto Atlântico-, contando com a presença de um morro testemunho onde está localizada a"Pedra de Torrinha".O município de possui ainda aproximadamente 5% de sua vegetação nativa original. Desse total, quase 100% é composto por vegetação de encosta, graças à presençadas cuestas do município. Espécies do cerrado e da Floresta Latifoliada Tropical ainda existem em pequenas manchas isoladas, sendo quase totalmente dizimadas por ocuparem originalmente áreas ideais para a agricultura e a pecuária. Felizmente a presença dos inúmeros paredões e terras de encosta que brotam das cuestas, "estorvo" aos colonizadores do início do século, preservou um tesouro natural e importante santuário para a biodiversidade no estado de São Paulo."
Todo dia a cidade despertava com o sino da igreja São José. Em suas casas, em volta a mesa a família se reunia e ficava com os ouvidos aguçados para ouvir todas as manhãs o que o padre teria a dizer. Era melhor do que ligar o rádio ou buscar outro tipo de comunicação nessa cidade pequena, brejeira e de nome forte apesar do diminutivo que carrega, Torrinha.Tudo era uma novidade infinita e que as poucos rondava a cidade inteira. O mais interessante que ali não se via falar de roubos ou assaltos de outra natureza; o que mais se comentava era dos bancos da praça, que sempre tinha escrito o nome da família que o doara, o coreto que ficava no meio da praça que ficava colorido de gente nos dias de festa, ou a noite quando os jovens adolescentes se reunião. No dia de São Cristovão quando os carros passavam enfileirados para serem benzidos pelos padres da cidade, era um grande acontecimento. Sim, o padre costumava anunciar os casamentos das moças da cidade, os batizados e as mortes que antes mesmo dela anunciar a cidade toda já sabia e já tinham espalhado as novidades.Quando tocava o sino, todos calavam para ouvir o que o padre tinha a dizer. Uma vez ou outro era novidade a notícia e aquilo servia de comentário para o dia todo.Outra coisa que acontecia e que muito chamava a atenção era a chegada do trem tranzendo visitantes novos, comerciantes ou estrangeiros que buscavam os interiores para começar uma nova vida. O demais nada acontecia, isso por volta dos anos 70. Clube só um e de grande tamanho, reunindo todos da cidade para os bailes de carnavais, saudosos carnavais como os bailes de aniversários das debutantes da cidade. As chácaras eram bastantes, mas a escala social não permitia a todos terem uma e isso se valia as grandes famílias que os sobrenomes lhe sustinham. Outros não se valiam dessas facilidades, estudavam com todas as dificuldades que a cidade do interior lhe impunham, corriam para as cidades vizinhas, moravam sozinhos ou sozinhas em pensões e só voltavam no fim da semana. Jovens que conseguem chegar a mestrados, doutorados com muito esforço. O frio intenso numa cidade como Torrinha não impedem os jovens de lutarem pela cultura, nem por isso os jovens ficam deitados até tarde, ao contrário todos acordam cedo para a vida. Ou vão para a capital morarem sem os pais ou ficam no interior mais estudando. A música fala forte no coração desses jovens. Há uma expressão de abandona na política do descaso do seu país, havia uma vontade de participação pelo menos no grito das canções, nas poesias. Zuleika, como prefere ser chamada, contava que desde seus 12 anos não saía da cozinha. Junto com sua mãe e irmãs estava sempre fazendo doces para a família e parentes que as visitavam na cidade onde nasceu, Torrinha, interior de São Paulo.Os amigos e vizinhos que experimentavam as delícias começaram a fazer encomendas e aí os negócios começaram a surgir.
Em 1983, começou a vender seus doces em uma feira que tinha em frente à igreja Matriz em São Pedro, no centro da cidade, porém, a feira não foi o suficiente para a quantia de pessoas que compravam. Foi então que abriu a primeira loja.
Nasce “Zuleika`s Doces”. O nome foi sugestão de uma turista que sempre visitava a cidade e costumava dizer que ia comer doce na Zuleika.
Tudo foi se formando com muita dificuldade. Zuleika conta que começou o trabalho com uma batedeira, uma geladeira e quando as assadeiras não eram suficientes, emprestava das vizinhas.
Com o excesso de encomendas, além das filhas, Zuleika teve que contratar mais pessoas para ajudar na cozinha e no atendimento na loja.
Em 1998 abriu a segunda loja em Piracicaba, na Galeria Unimep da Universidade Metodista de Piracicaba, e em 2001, a terceira filial foi aberta em Águas de São Pedro.
O sucesso dos doces e bolos com certeza é a dedicação e o amor que a família Caserta tem em prepará-los. Zuleika conta que sente prazer em confeccionar cada produto das lojas; gosta de inovar, fazer receitas diferentes, bolos que sejam frutos de sua criação.
O bolo de chocolate, o famoso “Rigoleto”, é um dos seus mais vendidos bolos e já foi levado até para Portugal. É comum encontrar pessoas de cidades vizinhas dizerem “vamos pra São Pedro comer rigoleto na Zuleika´s”.
O pavê de bombom, bolo de coco, bolo inverno, bombom de maracujá e os doces que são feitos com chocolate são os mais procurados, principalmente no inverno.
A Zuleika`s Doces também fornece seus produtos para livraria Nobel do Shopping de Piracicaba e para doceria Doce Art.
Empresários de cidades como Araras, São Bernardo do Campo, Campos de Jordão, Brotas, estão sempre em contato tentando obter uma possibilidade de ter uma filial da Zuleika`s Doces. Zuleika acha que é algo para se pensar com muito carinho; nunca pensou em ir tão longe. Ri quando se lembra de uma turista que queria vender seus bolos em Miami nos Estados Unidos.
Realmente é algo divino: tanto sucesso com tanta humildade e prazer no que se faz, só pode ser coisa de Deus. Zuleika se considera uma mulher abençoada e realizada profissionalmente.
Assim é Torrinha, surpreendente. Povo batalhador que tiveram que desbravar florestas para encontrar um espaço para o seu povo.