Dias Voláteis
Tudo passa:
A locomotiva,
O vento,
A doença,
As águas das chuvas,
As lágrimas,
A nevasca,
O incêndio,
O Corona,
A vida.
E ao passar,
Tudo há de secar:
A folha,
A lama química,
O lago,
A roupa,
O suor.
Tudo, tudo,
Há de passar,
Nada há de durar.
Resta saber,
O que virá no lugar.
Deixando de lado o devaneio,
De explicar o que não se sabe,
Por esses dias voláteis,
Quem pela vida não se move,
Para a morte se entrega,
E o médico finda a questão:
"Ocasionando falta de sangue nas veias,
Devido o Covid-19,
Sem ratiar,
Emudeceu o coração".
Tudo passa:
Lá vai a dor sem se despedir.
As vistas que ficam,
O que sumiu na curva,
Procuram.
Passou!
E se tudo passa,
Estiradas nos ataúdes,
Era uma vez as pegadas,
Pelo cortejo levadas.