Pescadora
Desço escalando a gosma,
Vou até onde meu instinto ordenar.
A engenharia é cansativa,
Trabalho sem desanimar.
Fios cruzados,
Para lá, para cá.
Agora, é sentar e esperar,
O desavisado passar,
E em minha teia / rede,
Se enrolar.
É ver o peixe / mosquito preso,
Pulo da espreguiçadeira e corro lá.
Esse tá pego.
Tenho alimento para um dia:
Café da manhã,
Almoço e jantar.
Estão servidos!
Assim vou empurrando a vida,
Sem me incomodar.
Alimento-me dos mais fracos,
Porque uma hora ou outra,
Quando eu menos esperar,
O mais forte, vou alimentar.
Na cadeia / teia biológica,
Pesco presas enganadas,
Porque isca enganada,
Nesse jogo de desejos,
Também sou.