Em burrados

Enquanto a inspiração não me vem,

Envio um Sapp para a pena e o pedaço de papel,

Pedindo que sejam pacientes e aguardem,

Pois, o branco na minha mente é efêmero;

Ao que eles retrucam: "em tempos instantâneos, a efemeridade de sua mente é fato corriqueiro. Esperamos que não adoeça pelo vício".

Em noites de Lua cheia:

Passamos às 18 horas, no mínimo, sem trocarmos uma palavra, sequer. Para não completar as 24 horas do dia, conversamos na madrugada. Falamos até perder o fôlego, quando não, até secar a saliva.

Uma vez que nossa vida é planejada, já estamos planejando os conteúdos do que falaremos nos próximos dias de Lua cheia.

Leia abaixo o que formulamos e deixamos em ata, no nosso primeiro ciclo existencial e vale até os dias atuais:

De burradas emburradas,

Faz-se sexo, - depende e muito, da tesão e óbvio, da disponibilidade de datas;

Assim feito,

Fecunda o óvulo,

Constrói-se uma "família";

Na qual,

Uma cria ou outra torna-se inteligente,

Discursa sobre democracia,

Vira ativista,

Berra sobre o Direitos Humanos,

Ganha reconhecimento,

Chega ao Poder,

Monta esquemas com os correligionários,

Escreve-se uma Constituição - que o satisfaz;

Agrega inúmeras religiões ao sistema,

Constitue um país,

Funde tudo em um mundo,

Por fim...;

É novo dia,

Céu de brigadeiro,

O silêncio aterrador entre os cônjuges,

Espera que alguma coisa aconteça,

Alguma coisa que não se escreve,

Ou ao pé do ouvido não se conta,

Muito menos nas enciclopédias de História,

Em curto conto.

Boca fechada, nunca, jamais, se abrirá para defender-se de Processos Judiciais.

P.S.: Espero que o meu Sagui, bichinho de estimação que escapuliu da corrente, desça do poste de eletricidade - vivo, lógico - e passe o reveillon conosco.

Seria sacal, chato demais, após 50 anos reunidos, Eu, minha esposa, vovó, vovô, filhos, netos, bisnetos, calopsitas, cães, gatos, cobras, lagartos, o tatu Macarrão, jabutis, cágados, o teiu Brucutu e o sagui Liporino, não participar de mais esse evento, o qual durante todos os anos passados, comemoramos em família.

Preservando a vida das espécies, quando as serpentes participam das festividades, os ratos ficam fora. Ou uma espécie, ou outra; e vale para todas que fazem parte da cadeia trófica. Seria uma tragédia, ver uma espécie destruir, lambiscar a outra num dia tão especial. Portanto, Eu não condição de organizador do evento, não cometerei esse erro biológico, de maneira alguma.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 28/12/2023
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7963553
Classificação de conteúdo: seguro