Cheguei...
Mas, caso minha estada aqui, o incomode, retiro-me. Volto por onde vim, sinalizei a trilha com bagos de milho.
Hum, por onde passei, as alamedas são ladeadas pelo perfume multicolorido das flores, zumbido de polinizadores, gorjeios de pássaros.
Ciceronados pelo pó fino da poeira, os ventos cantam melodias mansas, afastando-se cada vez mais das antenas e dos fios de microfones.
Cheguei da Terra do Nunca, também conhecida como Utopia Orgânica! Vim confabulando com Platão, que testemunhou o analfabetismo de Sócrates, ao dizer-me que uma vida não comungada e em plena harmonia com a Natureza, não tem porquê vivê-la.
Oh, pratão, patrão, Platão. Oh, como eu gostaria que tudo o que vejo, ouço e escrevo, enchessem barrigas!
Se não, pelo menos por 24h, mudasse de fel para mel, de estupidez para solidariedade, de multiplicação individual para divisão coletiva, o processo comportamental / relacional de minha espécie.
Ainda que ninguém tenha se manifestado à favor ou contra, vou voltar para onde Eu não deveria ter saído. Espero que os pássaros não tenham comido os bagos de milho. Contudo, se comeram, fatalmente farão a semeadura, através da dispersão dos grãos na Natureza; mas se foram engravidados pela chuva ao molhar a terra, ficarei ainda contente, e louvarei duas vezes o Criador pelos feitos.