Contraponto
Há mais poesia e humanismo nas lágrimas das tralhas rotas dos cabelos ensebados, do que no sorriso camuflado do nó da gravata que calça sapatos lustrados.
Para uma folha de papel virgem, nada melhor que uma pena em posição vertical, ereta e bem lubrificada com tinta fresca, indo e voltando voraz, batendo forte contra o vazio, vasculhando nervosa os quatro cantos. Dependendo das impressões digitais, da intensidade do exercício e arroubo amoroso, em pouco tempo, enquanto a pena estará vazia e cansada, a folha deflorada estará cheia, solícita, transbordando felicidade, sorrindo para as paredes de um abismo profundo e escuro.