AMEI, AMOR, AMEI...
Amei, quando deveria amar, e sofri, ao desesperar noturno. A esperança agiu em meus escombros como símbolo de unidade afetiva: eu me derramei como a neblina, ao amanhecer, que refresca e restaura. O nascimento para a vida eterna consistiu na modulação da carne, na ressurreição do espírito.
Amei, então, na demência do cais. Como um barquinho beje eu me transportava à inconsciência dos detalhes: aprendi que a vida é uma completude. Nem flores, nem pássaros, nem cantos: o amor é mais que emoção. Se há uma razão na vida para se amar, essa se encontra na destreza dos descobrimentos. Como a exigência intocável das rosas. Como os ventos que velam o choro.
Amei, confesso, e não houve saudade, pois não houve ausência. Fui a recusa de um espinho insensível: o sussurro de que amo por amar. Amei, amor, amei... Hoje sou verso que canta, pousa e eterniza...