APESARES DE MIM

Continuo nos apesares de mim. A lua se acende - acendem-na - e o sol brilha sete vezes, sangra em quarenta anos.

Além de seu derrame melancólico, cujas naus madrugadas lambem o amor do mundo, a lua aprende a aconselhar os astros: é composta de lucidez. E se ainda assim se afoga, pobre céu, lamenta-se, perde um ser amado. Por isso continuo em meus apesares. Apesar de meus fritos, esses que triunfam em forma de Glória, sou o eterno aspecto da razão. Com quem converso, para quem me abro, às recorrências de dor: a parte lúcida dos meus domingos...

Percebo que o medo nos prende à desconfiança. Lua é criança que se veste de vida, é sonho que motiva carência. E se, nua, a espada me fere, consigo observar o mal do mundo: além do mar vejo as rosas, além do sol vejo o fogo, além de ti, vejo-me, escondido e acolhido no nada...

Wilder F Santana
Enviado por Wilder F Santana em 23/09/2011
Código do texto: T3237184
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