DERRAMO EM MEUS OMBROS A DOR DE SÊ-LOS

Derramei em meus ombros a dor de sê-los... e passei a carregar com eles a indefinição da vergonha. Em termos ocultos: é assim que a teoria dos términos aquece os descobrimentos. Aceso, com lesões no destino ou no cansaço, o fósforo da antiguidade ressurge nos corações humanos – devem eles ter cuidado.

Já que esta voz respira, e clama por sossego, faço-me de fado, dado às coisas santas. Não como quem corrompe pequenas correntes, mas tornando-se arcanjo em fogo que ousa. Que sejam minhas enfermeiras tuas mãos, e mortos os ossos que teu coração rejeitou. Sim, porque a lembrança alumia o auge da escuridade.

Nesses ombros passageiros contive a inocência do anti-mundo. Longe de mim fui ao fundo das invisibilidades. Dois dedos representam paz e mar: que salvem-se as obras humanas. Salvem-se no verde que apraz os acalantos, que sejam gesto reverberante. Toco-te em propósito, sem mérito, sem chão; és a carnalidade que um dia foi meu passado...

Wilder F Santana
Enviado por Wilder F Santana em 07/08/2011
Código do texto: T3144914
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