CUPIM: UM CORPO DE VULGARIDADES
Há exatamente duas horas te tornastes cupim: não por comer madeira, mas por devorar o desconforto das moradias.
"É tarde demais", ouço. Uma lágrima. Três lágrimas. É tarde, e por isso viraste cupim: passageiro junto ao fim do próprio tempo. Dizem que és núcleo - a escultura harmoniosa de Michelangelo -, mas és, posso ver, o constrangimento da velhice. Expulso em face de perfume. A cinza do amor, a falsa promessa... Um Caim que não se arrepende.
Não é passado o surgimento dessa podridão de trajes. É o agora, em distanciamento amargo de quarenta versos. Águas... dilúvio!
Eras euforia. Transformastes-te em corpo. Um corpo que se alimenta de vulgaridades. Nada mais.