BALÃO DE CENTENÁRIO
É madrugada enquanto escrevo: balão de um centenário. Falar sobre controle e cor? Como? O próprio homem é indômito, cheio de simbolismos! Controlar-se, sei, é manter-se em equilíbrio. Mas não apenas isso. É transparecer na seda que devora o tempo, a mente, o espirro da alma. Minhas pernas coçam, sou humano, e sei que nada têm a haver com calçadas. A pele muda, os olhos constroem vulcões mamíferos, e... Os homens insistem em serem anjos azuis. É esse dia negro, é essa madrugada que foge de mim e me faz respirar rastros.
Que arco-íris é esse, que mais representa uma tumba? É criança? É madrugada? É engano! A própria história se faz hipócrita, o sangue é um breu desconvalescido. A passagem, a andorinha, a mala que cabe mamãe e a mãe da mãe de mamãe: tudo um retorno à compostura da escuridade. Se realmente escrevo, peço às minhas mãos que representem o amor e nada mais. Que se lembre de sua irmã: a religião. Ela durante tanto tempo moveu os homens...
E se apenas sonho com cem anos dentro de mim, desejo ter dedos polidos pelo arrependimento. Arrepender-me, sim, até daquilo que não fiz. Isso é um respeito às rosas. Essa é a trama de um balão que voa, se perde, não sabe se existe – ou se a brancura do tempo o atingiu...