Confidências de uma Lagarta vegana
"O pomar e o jardim da vovó, por mais longe que seja, nunca é longe. Pode demorar um tanto, mas sozinha ou com os companheiros e companheiras, chegamos lá".
Sorrateiramente, escondidinha, a Lagarta comia a folhagem. Terminado o trabalho para o qual não foi chamada, migrava para outro jardim. Lá, desfrutando da vagareza da vida, sem fazer o menor caso das imposições dos ponteiros dos relógios e sem se preocupar com a correria adotada por outras espécies, trabalharia e daria muito trabalho aos donos de pomares e jardins. Para o bem da verdade, dona Lagarta deleita-se com guerras frias. Guerras veladas e silenciosas. Sente-se feliz ao notar os bichos de duas patas descabelando.
Em se tratando de direitos, seu lema é liberté, fraternité, igalité. Oh, Liberdade, Fraternidade, igualdade; trilogia que resulta em empurrar com a barriga as adversidades cotidianas.
Sobre saúde, afirma: "quem come sem gula, um pouco todos os dias, lentamente, mastigando bem, além de não se enfastiar e evitar refluxo estomacal, possui mistura por longas semanas, por longos meses. E ao divagar sobre o conceito alimentar, passava a língua no beicinho miúdo.
Quando encontram-se em conferências e simpósios, as Lagartas mais velhas relatam para os amigos e amigas de mesma espécie, que quem está em contato com a terra, dizer que passa fome, é lamento de vagabundo.
Intelectualizada, entendi que não se importar com os meios e os fins produtivos, é socializar o viver bem; porém, se a folhagem for orgânica, tenra, viçosa, puramente natural, melhor. E ao disseminar sua teoria, completava-a, passando a língua nos beicinhos miúdos.
Inseticidas, agrotóxicos, metais pesados na água, desmatamento, incêndios, material particulado no ar, etc, são coisas de capitalistas desumanos e ditadores fascistas, dizimadores de sonhos.
Por falar em sonho, seu maior sonho é conhecer de perto o sapo barbudo, o injustiçado e alma mais honesta do mundo, nominada Lula, atualmente casado com a feminista Janja Joaninha, e outros defensores de vida leve, sem estresse e saudável.
Para isso, está escrevendo um pequeno Manifesto, no qual a primeira lei, será: no meu encontro com os líderes e pensadores sobre Vida boa, é terminantemente proibido citar foices, machados e enxadas, como defesa ideológica; mas miríade de diversidade verde.
Minha cor e o verde da folhagem: camuflagem de hoje, amanhã, sempre! Sobretudo, sou movida pelos sonhos e esperanca de tempos melhores. Vivo e respiro Meio Ambiente. A outra metade, fica por conta do Agronegócio".