Cri cri cri
Era uma manhã ensolarada em Jerusalém quando um pequeno grilo saiu de sua toca para explorar o mundo ao seu redor. Enquanto saltitava pela cidade, ele ouviu um som estranho que o chamou a atenção. Curioso, o grilo seguiu o som até uma grande multidão reunida ao redor de uma colina.
Quando chegou mais perto, o grilo viu algo que o deixou perplexo. Um homem estava pendurado em uma cruz, cercado por soldados romanos e chorando por sua mãe. O grilo nunca tinha visto algo assim antes e não entendia por que as pessoas estavam assistindo a isso acontecer.
O grilo decidiu ficar e observar. Enquanto assistia, ele ouviu o homem na cruz dizer coisas como "Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que estão fazendo" e "Está consumado". O grilo não sabia o que essas palavras significavam, mas elas pareciam importantes.
Enquanto a multidão se dispersava, o grilo decidiu ficar um pouco mais. Ele saltitou até a base da cruz e olhou para cima, vendo o homem ainda pendurado lá em cima. Ele se perguntou o que o homem estava pensando e sentindo.
De repente, o grilo sentiu um vento forte e uma escuridão tomou conta do céu. Ele ouviu um trovão e sentiu um terremoto. O grilo ficou com medo e se escondeu em uma pequena fenda na base da cruz.
Depois de alguns minutos, o vento diminuiu e o sol voltou a brilhar. O grilo saiu de sua toca e olhou para cima novamente. O homem na cruz estava morto, mas algo naquele momento mudou o grilo para sempre.
Ele nunca esqueceria a crucificação de Jesus e as palavras que ele falou. Ele decidiu que, mesmo que não entendesse completamente, ele seguiria essas palavras e tentaria perdoar os outros, como Jesus havia feito. O grilo nunca mais viu algo tão trágico e inspirador ao mesmo tempo. Ele aprendeu muito sobre a vida e a morte em apenas alguns momentos, e nunca mais seria o mesmo.
Este conto foi baseado neste poema:
O Grilo
Gióia Júnior
Numa noite clara, de Lua redonda
Como um queijo branco no prato do céu
No meio do mato uma voz ouvi
Que falava sempre
Cri, cri, cri
Vestido de noite, perdido no escuro
Parado num canto que não descobri
Seu corpo comprido, de inseto elegante
Confesso, não vi
Só ouvi seu canto na perdida sombra
Cri, cri, cri
Estava sozinho, sem algum amigo
Com quem conversasse, então decidi
Com o grilo alegre vou travar conversa
Ei, grilo, não temas, que eu não sou de briga
Creste no que eu disse?
E o grilo, do escuro, respondeu na hora
Como se entendesse
Cri, cri, cri
Fiquei muito alegre, ele me entendia
E me respondia
Com satisfação
Pus-me a contar fatos
Que o deixaram quieto
Prestando atenção
Uma vez, amigo
Veio ao mundo um homem
Muito meigo e puro
Perdoando a todos
Libertando escravos
Saciando pobres
E curando enfermos
Homem tão bondoso
Como igual não vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo
Como se entendesse
Cri, cri, cri
Pois o tal profeta
(Ele era profeta)
Como fosse humano
Dedicado e amigo
Recebeu dos homens
O pior castigo
Que já conheci
Numa cruz pesada
Foi crucificado
Suas mãos sangraram
Rasgadas, feridas
Sua fronte clara
Foi lavada em sangue
Padeceu torturas
Como nunca vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo
Como se entendesse
Cri, cri, cri
Mas, um dia, um belo
Dia de domingo
Esse homem puro
Que nenhum pecado
No mundo provou
Rompeu as cadeias
Da morte gelada
E ressuscitou
Seu corpo, na pedra
Do escuro sepulcro
Ninguém mais achou
O nome bendito
Do Ser soberano
Da glória e da luz
Soa como um hino
Às vezes humano
Às vezes divino
O nome é Jesus
Esse doce amigo
Que sofreu assim
Padeceu castigo
E morte por mim
Para ser sincero
Devo confessar
Ele foi ferido
Para me salvar
Bem, já se faz tarde
Vou dormir, amigo
Boa-noite, grilo
Mas, ó companheiro
Tu creste de fato
No que eu disse aqui?
Respondeu-me o grilo
Como se entendesse
Cri, cri, cri, cri, cri.